Desde a ascenção de Angola à independência, em
1975, tem sido prática comum dos serviços de segurança e de propaganda do MPLA
apodar certos críticos do regime como agentes da CIA. Às vezes, para variar, o
nome da Mossad, os serviços secretos israelitas, também vem à baila.
Em alguns casos, inocentes como a antiga estrela
angolana de hóquei em patins, Carlos Fragata, chegaram a ser condenados à pena
de morte por suposta ligação a serviços de inteligência estrangeiros.
No entanto, as revelações feitas recentemente em
tribunal londrino, sobre o envolvimento de altas figuras da Mossad e do exército
israelita em negócios em Angola, dão uma imagem diferente do regime do
Presidente José Eduardo dos Santos. Maka Angola teve acesso às
transcrições dos depoimentos em tribunal, dos testemunhos por escrito e
documentação relevante.
A disputa entre o traficante de armas Arkady
Gaydamak e o negociante de diamantes Lev Leviev sobre o acordo de cavalheiros
que tinham, na criação da Ascorp e na partilha equitativa dos lucros entre si,
desvendou a teia de interesses.
O juíz Vos, do Tribunal de Alta Instância de
Londres, deu como provado, na sentença proferida a 29 de Junho passado, que a
criação da empresa de compra de diamantes Ascorp, deveu-se a um acordo firmado
entre representantes de José Eduardo dos Santos e Gaydamak, para a provisão de
serviços de segurança.
Em tribunal, Gaydamak prestou o seguinte
depoimento:
“A pedido do Presidente de Angola e em colaboração
com o general Fernando Miala [então chefe dos Serviços de Inteligência Externa
– SIE] e o chefe do departamento de diamantes [dos serviços de segurança],
coronel Tito (eu tinha relações estreitas com os chefes dos serviços de
inteligência desde 1993; eu preparei um plano para reduzir as receitas
financeiras do grupo rebelde instalando melhores controlos no negócio de
diamantes em Angola”.
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