Pilotos e
combatentes estão sendo contratados no Rio de Janeiro para lutar contra as Farc
e o narcotráfico na Colômbia
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Uma operação secreta de recrutamento de mercenários
brasileiros – pilotos e combatentes – para lutar contra a guerrilha e o
narcotráfico nas selvas da Colômbia está em pleno curso no Brasil. Aviadores
militares (oficiais da reserva) e civis desempregados, que tenham gosto pela
aventura e pelo dinheiro, estão sendo contatados no Rio de Janeiro. Os pilotos
podem ganhar de US$ 10 mil a US$ 12 mil por missão. O recrutamento, no entanto,
exige referências: é necessário que o candidato seja conhecido do contato e já
tenha, no passado, participado de missões arriscadas, como as ocorridas em Angola
entre 1992 e 1994, quando o governo socialista do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA) travava uma sangrenta guerra, como agora, contra a
Unita, de Jonas Savimbi, armada pela África do Sul.
Não se sabe ainda quem está por trás dessa operação
de recrutamento, mas existem fortes indícios de que ela esteja sendo operada
pela Divisão de Operações Clandestinas da CIA, o serviço de Inteligência dos
Estados Unidos. ISTOÉ conseguiu conversar com um dos alistados. Profissional da
aviação civil, atualmente desempregado, ele revelou que os pilotos que não têm
experiência com aviões de transporte Hércules C-130 – que serão utilizados nas
missões, levando homens, armamentos e suprimentos para as forças de combate às
Farc e ao narcotráfico – recebem um kit que inclui um programa de simulação por
computador de vôo para esse equipamento.
Com o programa, o piloto treina entre quatro e seis
horas por dia. Segundo o alistado, que já participou de missões como co-piloto
de Hércules C-130 e piloto de DC-8, uma vez familiarizados com o avião, os
mercenários viajarão para o Chile, de onde, a partir de uma base militar não
revelada pelo piloto, efetuarão as missões na Colômbia. Antes de embarcarem, no
entanto, deverão assinar um contrato em que ficam obrigados, em caso de morte
ou acidente, a não reclamar indenizações. “O contrato não inclui seguro de
vida. Cada um voa e combate por sua conta e risco. As famílias deverão
subscrever o documento comprometendo-se a não efetuar nenhuma reivindicação
financeira em caso de morte ou acidente e nem tampouco reclamar o corpo de quem
vier a morrer”, revela.
O piloto, que não gosta de ser chamado de
mercenário, contou a ISTOÉ que no passado participou das operações em Angola,
operando na maioria das vezes sob condições muito adversas. “Descíamos com
armas e equipamentos sob fogo cerrado. Eram pousos e decolagens extremamente
rápidos, que duravam poucos minutos: descíamos com os Hércules em pistas muitas
vezes precárias, debaixo do fogo de metralhadoras e morteiros. Descarregávamos
e levantávamos vôo imediatamente”, disse ele, admitindo que ocorreram acidente
e mortes, mas não revela nomes nem patentes.
O piloto afirmou que o grupo que está sendo
recrutado agora para missões na Colômbia é praticamente o mesmo que operou em
Angola. Ele afirma que a denúncia que acaba de ser feita pelo representante da
Unita em Portugal, de que aviadores mercenários brasileiros estariam combatendo
a guerrilha de Savimbi ao lado das forças armadas angolanas, pode ser
verdadeira. O fato foi negado pelo embaixador do Brasil em Luanda, Jorge
Taunay, na semana passada, quando a Unita ameaçava atacar interesses
brasileiros am Angola.
Vietnã – Segundo a
Unita, “o Brasil, além de vender aviões do tipo Tucano para Angola, está
fornecendo pilotos ao governo do presidente José Eduardo dos Santos, que sempre
sobreviveu graças ao apoio de mercenários estrangeiros, que atacam populações
indefesas”. Taunay reconheceu que o Brasil, de fato, vendeu aviões para Angola
“a fim de treinar pilotos e missões de reconhecimento”.
O piloto contou ainda que “o grupo que vai operar
na Colômbia inclui veteranos do Vietnã, que atuaram também na América Central
(Nicarágua, principalmente, ao lado dos “contras”, e também El Salvador). Ele
revela que os aviões que serão utilizados nas missões contra as Farc e o
narcotráfico (C-130 e DC-8) pertencem a um americano que executa missões para a
CIA e permanecem em hangares localizados na África do Sul. “Pelo que estou
informado são dez aviões, mas não sei dizer se todos serão utilizados na operação
colombiana”, diz ele, insistindo que não pode fornecer mais detalhes porque
poderia correr risco de ser morto. As decolagens no Chile e o ingresso em
espaço aéreo colombiano serão “não-oficiais”, ou seja: com conhecimento das
autoridades colombianas, mas sem qualquer registro.
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