Os alunos portugueses são incapazes de estruturar um texto ou de explicar um raciocínio básico, revela um estudo do Ministério da Educação realizado em 1700 escolas.
As conclusões são do Relatório 2010 do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) e traçam um quadro preocupante quanto às capacidades dos estudantes entre os 8.º e 12.º anos para expressarem por escrito ideias ou conhecimentos adquiridos nas aulas.
A equipa do GAVE avaliou o conhecimento de alunos de 500 escolas secundárias e em 1200 do 3.º Ciclo, nas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa, Matemática A, Física, Química A, Biologia e Geologia.
"Não é um dado novo, nem sequer é um dado exclusivamente nacional. Tem de ser pensado um trabalho de fundo ao nível da superação das dificuldades", disse Hélder Diniz de Sousa, director do GAVE, em declarações à Lusa.
"Mais do que aprender e ser capaz de reproduzir conhecimentos que gera resultados no imediato, é muito importante perceber quais as aprendizagens que ficam por se fazer", acrescentou o responsável que defende uma mudança de atitude por parte das famílias
"A par da preocupação com os resultados é muito importante estarmos preocupados com o que aprenderam. Se a sociedade fizesse o processo ao contrário, preocuparmo-nos com a qualidade do que se aprende, os resultados apareceriam certamente", explicou.
No relatório do GAVE, mostra-se que os alunos portugueses têm mais facilidade nas respostas que requerem selecção, revelando mais dificuldade nos itens de construção.
Há menos de um mês, num relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), Portugal surgiu como tendo registado uma evolução "impressionante", aproximando-se da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
O director do GAVE considera não haver contradição entre os dois relatórios. "É impossível estabelecer paralelismos entre um estudo e outro. O PISA é um estudo de longa data, que mostra evoluções com intervalos de tempo consideráveis. Este relatório mostra o diagnóstico do que se passa em concreto, nas nossas escolas, no dia-a-dia", justificou Hélder Diniz de Sousa.
Diário Digital / Lusa
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