terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Angola diz não estar presente militarmente na Costa do Marfim


Quando todo o mundo já reconheceu Alassane Ouattara como o novo presidente eleito na Costa do Marfim, Angola, que tem um presidente no poder há 32 anos, acusa a comunidade internacional de estar a “empurrar” a Costa do Marfim para a guerra.

Pretoria (Canalmoz) - O governo angolano desmentiu que forças angolanas estejam a operar na Costa do Marfim ao lado do governo de Laurent Gbagbo, noticiou ontem a Voz da América.
Num comunicado, o governo angolano descreveu as notícias que o colocavam na linha de apoio ao presidente derrotado na Costa do Marfim, como sendo “difamatórias”.
O Governo do presidente do MPLA José Eduardo dos Santos, que se encontra na chefia do Estado Angolano há 32 anos, acusou que a “difamação” se insere “na habitual estratégia de interferência externa nos assuntos do continente”. Diz também que a “difamação” tem como objectivo “manipular uma vez mais a opinião pública para justificar a inevitabilidade da guerra”.
A notícia da presença de forças angolanas na Costa do Marfim tinha sido dada por uma rede de televisão francesa que referiu na altura tratar-se de mercenários (vsff nossa edição de ontem).
Subsequentemente alguns especialistas disseram que provavelmente se tratava de membros do exército angolano.
No seu comunicado o governo angolano disse estar apreensivo pelo facto de “todas as medidas tomadas até aqui pela comunidade internacional estarem a empurrar a Costa do Marfim irremediavelmente para a guerra”.
Para Angola, segundo a VOA, é “estranho que tenham já sido tomadas medidas radicais e extremas …sem que em primeiro lugar todas as reclamações do próprio pleito eleitoral tenham sido atendidas e devidamente aferidas”.
Angola diz opor-se à guerra como solução do problema que considera pode e deve ser resolvido pacificamente.
O governo angolano apelou no seu comunicado á União Africana para assumir a responsabilidade da liderança nas tentativas de solução da crise marfinense para se “evitar que o presente conflito resvale irreversivelmente para uma catástrofe humana”.
Entretanto foi anunciado que o Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, e os seus homólogos do Benin e Serra Leoa deslocam-se hoje a Abidjan com a missão de convencer Laurent Gbagbo a abandonar o poder na Costa do Marfim.
O anúncio foi feito ontem à tarde à agência de notícias francesa AFP pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Benin, refere a Voz da América.
Na sexta-feira, a CEDEAO avisou Laurent Gbagbo de que irá recorrer à força para afastá-lo da Presidência, caso não passe o poder a Alassane Ouattara.
A generalidade da comunidade internacional, incluindo a ONU e a União Africana, reconhece Ouattara como vencedor das eleições, derrotando o anterior Presidente, Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o poder.
Segundo os seus seguidores, 745 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas desde o início dos conflitos pós eleitorais, em resultado de acções que atribuem aos apoiantes de Gbagbo.
Entretanto, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados anunciou que cerca de 14 mil marfinenses fugiram para a vizinha Libéria para escapar à onda de violência pós-eleitoral e que alguns estão a ser impedidos de atravessar a fronteira por grupos armados.

(Redacção / VOA) 2010-12-28 05:44:00

Sem comentários: