“Esperamos que as Nações Unidas sejam confiáveis e que as Nações Unidas impeçam violações e impeçam que as eleições sejam roubadas da população”, disse Youssoufou Bamba
Pretoria (Canalmoz) - O novo representante da Costa do Marfim na Organização das Nações Unidas (ONU), Youssoufou Bamba, alertou que os conflitos internos no país podem gerar uma série de matanças. “[A Costa do Marfim] está à beira do genocídio", disse o diplomata, noticiou ontem a BBC.
Segundo ele, houve graves violações de direitos humanos com o resultado dos confrontos políticos após as eleições.
O presidente derrotado da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, continua a recusar-se a deixar o governo e entregar o poder ao adversário vitorioso nas últimas eleições, Alassane Ouattara.
O oposicionista foi reconhecido internacionalmente como o vencedor das eleições presidenciais de Novembro. Mas os dois candidatos se declararam vencedores e participaram de cerimónias de posse quase simultâneas.
Youssoufou Bamba, o novo embaixador do país na ONU, foi indicado por Ouattara. Ele assumiu ontem o posto dia 29. Em uma entrevista, disse que 172 pessoas foram mortas nas últimas semanas “simplesmente porque queriam protestar, queriam falar, queriam defender a vontade do povo.”
Citado pelo África 21, disse: “Achamos que isso é inaceitável. Logo, umas das mensagens que eu tento passar nas conversas que conduzi até o momento é que estamos à beira de um genocídio", disse Bamba. Segundo ele, algumas casas foram marcadas de acordo com a origem tribal do morador.
Em seguida, citado pelo mesmo site brasileiro, Bamba afirmou: “Esperamos que as Nações Unidas sejam confiáveis e que as Nações Unidas impeçam violações e impeçam que as eleições sejam roubadas da população”, apelou o novo embaixador.
O chefe das Forças de Paz da ONU na Costa do Marfim, Alain Le Roy, criticou a conduta da rede estatal de televisão do país, a RTI – que está sob controle de Gbagbo. “As declarações que ouço na RTI nos deixam preocupados e chocados porque elas claramente incitam a população contra a Onuci [Missão das Nações Unidas na Costa do Marfim]”, disse ele.
Le Roy afirmou que o incidente em que um de seus homens foi ferido com um facalhão (catana) quando seu carro foi cercado por uma multidão. “Foi consequência directa de todo o incentivo ao ódio, mentiras e propaganda anti-Onuci”.
Apesar do apoio internacional, Alassane Ouattara e seu primeiro-ministro, Guillaume Soro, continuam presos em um hotel em Abidjan, protegidos por tropas da ONU. Partidários de Gbagbo conhecidos como “jovens patriotas” ameaçaram invadir o hotel.
O líder do movimento juvenil pro-Laurent Gbagbo apelou já aos seus apoiantes para assumirem o controlo do hotel em Abidjan onde o presidente eleito Alassane Ouattara instalou provisoriamente o seu gabinete.
Charles Blé Goudé é ministro da juventude do proclamado governo de Laurent Gbagbo e é também líder dos Jovens Patriotas, um movimento juvenil que sempre apoiou o presidente derrotado nas últimas eleições.
Blé Goudé disse a um jornal da Costa do Marfim que o presidente Alassane Ouattara tem que abandonar o mais tardar até Sábado o hotel Golf de Abidjan.
(Redacção / BBC / África 21 / VOA) 2010-12-31 04:55:00
Imagem: PÚBLICO
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