segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Zimbabweanos com receio de Eleições em 2011


Pretoria (Canalmoz) - O Zimbabwe parece estar em vias de retorno a crise política. A ZANU-PF quer eleições, mas maioria dos zimbabweanos diz não querer eleições no próximo ano. A população receia que a actual relativa estabilidade política e progresso económico do governo de unidade nacional venha a ser interrompida por violência eleitoral se a ZANU-FP e o MDC forem a eleições em 2011.
O Robert Mugabe e o Primeiro-ministro Morgan Tsvangirai do Movimento Democrático para a Mudança, tem vindo a analisar as possibilidades para a realização de eleições.
Segundo a Voz da América, conversas de rua em Harare são muito diferente das declarações que chegam dos líderes políticos.
Blessings Sibanda, trabalhador de uma companhia de insumos agrícolas, diz no ano de 2010, desde o início da crise política e económica há uma década, houve melhorias ligeiras. “Assistimos a uma ligeira melhoria, com o aumento das capacidades do governo, o que significa que a período das festas vai ser mais alegre.”
Sibanda disse à VOA que com a aplicação das medidas de estabilidade económica muitas pessoas dispõe actualmente de mais rendimentos e poderão comprar mais prendas, especialmente comida, para os seus familiares durante a época festiva. Quanto a eleições tanto Sibanda como outros dizem que“vai ser aborrecido, logo depois a esta época festiva ir as eleições, e isto pode fazer perder os benefícios obtidos com esta estabilização.”
No início deste ano o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, do MDC, e o presidente Robert Mugabe pareciam mais cordiais em relação ao presente.
No mês de Setembro em Joanesburgo, Tsvangirai tornou publico as suas frustrações no governo de unidade nacional, mas ressaltou que a situação era bem melhor em comparação do período antes da entrada em funções do seu governo.
O primeiro-ministro tornou-se mais ríspido quando o presidente Mugabe nomeou para altos cargos do Estado, vários membros do seu partido a ZANU-PF, em vez dos do MDC como está previsto no acordo político de partilha de poder que vigora no Zimbabwe e permitiu aliviar a grave crise política.
Eldred Masunungure, que é professor de ciências políticas na Universidade do Zimbabwe disse a propósito das crispações políticas mais recentes: “Posso dizer que o governo de coligação está num estado perigoso e o casamento ente o antigo regime da ZANU-PF e os seus parceiros da coligação, as duas facções do MDC, está chegar a um momento irreversível de erupção.”
A situação é tão preocupante que o próprio PM Tsvangirai está a terminar o ano de 2010 a falar de eleições. Disse pretender a segunda volta das presidenciais porque foi realizada sob um clima de violência durante as ultimas eleições de 2008.
A realização de eleições poderá entretanto significar o fim do governo de unidade nacional.
Entretanto os aliados de Mugabe estão a fazer de tudo para preservarem o seu poder económico e de influência política. Ministros da ZANU-PF no actual governo fizeram adoptar uma controversa lei no início deste ano impondo que nas empresas nacionais de mais de meio milhão de dólares de capital social, os negros zimbabweanos devem ter a maioria das acções. Na altura e por causa de contestações do MDC a lei foi revogada, mas está a ser ressuscitada através de ameaças dos líderes da ZANU-PF.
Numa recente conferência do Partido de Robert Mugabe, a VOA refere que o presidente relacionou a questão racial às sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia contra os dirigentes da ZANU-PF.
E diz ainda a emissora americana que apesar das ameaças de Mugabe tendo como pano de fundo o racismo e nacionalismo, o governo de unidade nacional conseguiu vender para estrangeiros 53 por cento das acções da companhia nacional de ferro e aço.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral – SADC – que mediou e conseguiu a implementação do acordo de unidade nacional, não comentou até ao momento as declarações tanto de Tsvangirai como Mugabe sobre a realização das eleições.
A SADC indicou no mês passado que iria organizar uma reunião em Janeiro para debater o progresso do governo de unidade nacional na implementação do acordo político que conduziu a sua criação.
O governo de unidade nacional do Zimbabwe não tem limites de anos de mandato, mas a constituição diz que as eleições devem ser realizadas de cinco em cinco anos, ou seja, o mais tardar até Março de 2013.

(Redacção / VOA) 2010-12-27 05:56:00

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