quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sob capa de crise financeira. Organização espanhola acusada de despedir trabalhadores moçambicanos


Trata-se do Conselho Interhospitalar de Cooperação (CIC), que opera no país há mais de 20 anos, na área de Saúde

Em reacção ao Canalmoz, a representante da organização explica que não se trata de despedimento, mas, sim, de fim de contratos com os quadros moçambicanos, que não serão renovados. E quando aos espanhóis Gorga Solana Arteche afirmou que “vêm com vistos de trabalho a Moçambique” e que “a acusação é uma difamação”.

Maputo (Canalmoz) – Está instalada uma crise no Conselho Interhospitalar de Cooperação (CIC), organização não governamental espanhola que opera em Moçambique há mais de 20 anos, no sector da Saúde. Segundo uma carta dos trabalhadores desta organização dirigida ao Canalmoz, está a decorrer uma série de despedimento de trabalhadores moçambicanos, sob alegação de “crise financeira”. Entretanto, a CIC mantém os trabalhadores de nacionalidade espanhola.
Dentre os trabalhadores despedidos, estão médicos, técnicos de saúde e serventes, afectos em diferentes projectos em curso nas províncias de Nampula, Inhambane, Zambézia, Cabo Delgado e nos escritórios centrais da organização na cidade de Maputo. São ao todo 19 trabalhadores moçambicanos que em breve, em 2011, deverão deixar os emprego na CIC.
Segundo avançam os denunciantes na missiva, há uma nova direcção no CIC, que assumiu os destinos desta organização em Setembro do ano em curso. É esta direcção que quer desfazer-se dos trabalhadores moçambicanos, alegando não dispor de fundos para lhes continuar a pagar salários, a partir de 2011.
O que contestam os trabalhadores moçambicanos, em carta que temos vindo a citar, é o facto de o despedimento não abranger os trabalhadores espanhóis.
A carta alega existirem trabalhadores “não autorizados” pelas autoridades nacionais, que operam no CIC.
Os trabalhadores denunciantes garantem que não há falta de fundos no CIC. De acordo com a carta elaborada pelos trabalhadores moçambicanos, a decisão da direcção da organização não encontra fundamentos, quando se considerar que para a fase subsequente dos projectos, que inicia em Janeiro próximo, há já financiamentos garantidos. Esta fase vai consumir pouco mais de 200 mil euros, referem.
“Este montante é duas vezes superior quando comparado com os orçamento disponibilizado para a fase intermediária que durou dezanove meses. Se durante a fase intermediária, funcionamos com 100 mil euros e com salários em dia, por que é que agora se fala de falta de fundos?”, questionam os trabalhadores na missiva que nos enviaram.
A crise naquela organização que apoia a saúde no que tange ao treinamento do pessoal médico, construção de infra-estruturas hospitalares e garantia de salários aos profissionais da saúde envolvidos nos projectos da ONG, regista-se, de acordo com os trabalhadores que recorreram ao Canalmoz, desde Setembro último com a entrada do actual representante, o engenheiro industrial, Gorga Solana.

“Não despedimos, anunciámos o fim de contratos’’

O representante do Conselho Internacional de Cooperação em Moçambique, Gorga Solana Arteche, ouvido pelo Canalmoz e pelo Canal de Moçamique disse que o que está a acontecer com aquele grupo de trabalhadores não se trata de rescisão de contracto, mas, sim, da expiração dos mesmos.
Segundo Arteche, os denunciantes antes de irem à imprensa, deviam ter se socorrido de tantas instituições incluindo a própria organização “para solucionar o problema’’, disse reconhecendo que o ambiente no CIC está azedo. “Não é verdade que a organização esteja a expulsar moçambicanos, tanto mais que estamos aqui para apoiar o desenvolvimento do país”, reafirmou.
Falando especificamente da rescisão de contratos com 17 trabalhadores afectos em projectos localizados no distrito de Erati, província de Nampula, explicou que não se trata de rescisão, mas, sim, “o projecto chegou ao fim”, disse. Negou a continuidade do projecto, com financiamento de 200 mil euros, conforme o explícito na missiva dos trabalhadores.
Quanto à alegada falta de autorização dos espanhóis para trabalharem em Moçambique, o dirigente do CIC disse que o mesmo não passa de uma difamação. “Os espanhóis vêm com vistos de trabalho a Moçambique. A acusação é uma difamação’’, disse Gorga Solana Arteche.

(Cláudio Saúte) 2010-12-16 05:40:00

1 comentário:

Anónimo disse...

ha provas de muitos estrangeiros trabalhando nessas condicoes, pergutem os servicos de migracao de nampula. ha em erati, estrangeiros liderando projectos, e sem experiencia nenhuma. vejam o caso da rapariga que estava chefiar o projecto da CIC nesse distrito. quando obteve a experiencia?