Nada como tempos difíceis para se ver de que lado estão todos aqueles que, embora fisicamente semelhantes, ainda há pouco viviam nas copas das árvores e nos copos da subserviência.
Embora avisado, sempre pensei que muitos dos que me rodeavam teriam capacidade para, de quando em vez, usar a amovíel coluna vetebral. E, acrescento, alguns usam-na mas fora das horas de serviço, o que nos tempos que correm já não é mau.
Não deixa, contudo, de ser curioso verificar e, é claro, registar para memória futura, que muitos deixaram de me conhecer de um dia para o outro, mau grado terem trabalhado anos e anos comigo. É a vida.
É por tudo isto que é melhor querer o que se não tem, do que ter o que se não quer. E, definitivamente, não quero ter amizades ou qualquer outro tipo de relacionamento com gentalha que antes de me cumprimentar olha para o lado para ver se o capataz está a ver.
Aliás, como em tudo na vida, as dificuldades são óptimas para esclarecer muitas coisas. Por manifesta e reconhecida ingenuidade da minha parte, desconhecia os novos valores da “amizade” moderna: mentira, deslealdade, ódio pessoal, ambição mesquinha, inveja e incompetência.
Se calhar é por tudo isto que os bons são cada vez menos, e que os detentores do poder continuam a descalçar-se (abrindo as janelas por causa do cheiro) sempre que têm de contar até doze.
Um abraço do,
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Orlando Castro
Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
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