sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Comunicado da Aliança Nacional, alusivo aos 35 anos de independência


Compatriotas:

Decorreram já trinta e cinco anos desde a substituição do jugo colonial, ocorrido em 11 de Novembro de 1975.

É um tempo digno de destaque sobretudo se tivermos em linha de conta, o que de negativo nos aconteceu e o que de positivo poderia ter acontecido. Para efeitos de referência – Portugal, o país ex-colonizador -, tendo também sido vítima de uma governação fascista e totalitarista que perdurava há quarenta e oito anos, transformou-se numa das democracias mais sólidas da Europa. Durante esse mesmo período – 1975 – 2010 -, Angola enveredou por uma das mais execráveis ditaduras do planeta.

A democracia nos foi imposta, democracia e direitos humanos não enchem barriga, fazem parte do léxico político de quem governa o nosso país há mais de trinta anos e sem consentimento popular expresso nas urnas.

Em trinta e cinco anos, o projecto de criação de uma nação em Angola, foi esmagado e declinado por uma frente política um dia autoproclamada movimento popular de libertação.
O espírito de “libertação” durou até a chegada ao poder, momento a partir do qual, de uma forma ou de outra, todas as famílias angolanas passaram a conhecer o amargo da nova dominação.

Fomos traídos!
O que pode ser resumido, consubstanciado no processo de alienação das mentes, manipulação da lei, da justiça e da sociedade, ultraje à pátria e corrupção generalizada sem limites, terá de ser alvo neste balanço.

O que não pode ser resumido, deverá ser tratado pontualmente e com detalhes em demais intervenções da Aliança Nacional.

A nação foi impedida de se consolidar por uma governação que contesta e afronta a democracia.

O presidente da governação consta nas cédulas monetárias; fez-se constar nos bilhetes de identificação do cidadão, deixando de ser um funcionário público – ainda que sem mandato – atribuindo-se o estatuto de símbolo nacional. Um verdadeiro ultraje, à medida de qualquer processo de subjugação em que fosse alcançada a alforria!

O presidente é a maior referência desportiva, é o mais capacitado chefe militar, é o mais enérgico diplomata é o dono das consciências mas que não assume a imundície que grassa pelo país, a miséria humana e material.

A guerra fratricida, facto que envolveu entidades nacionais e seus apoiantes externos, apesar de amnistiada por uma das partes, foi recentemente invocada como razão dos desequilíbrios democráticos e dos insucessos económicos e sociais. A guerra fratricida nunca foi assumida como estando na base do enriquecimento ilícito e traiçoeiro, e da manipulação dos cidadãos.

Chegados aqui, inclinamo-nos perante a memória de Alioune Blondin Beye, que afirmou em Luanda, 1994: “Há crimes que não prescrevem”.

A corrupção que mina o país, destrói a sociedade e não é alvo de combate; é estimulada e apadrinhada; garante a riqueza do clã dominante que por força e com força da corrupção internacional pode excluir o bem e a nação.

A corrupção da governação coloca a nação numa posição embaraçosa!

Angola, perdendo apenas para o Bangladesh, é o país mais corrupto do mundo; entre as cem instituições universitárias africanas de relevo, não consta nenhuma universidade angolana; entre uma farsa eleitoral e outra, dezasseis anos foram passados, sendo de considerar a gestão anterior de dezoito anos sem legitimação popular e outras manipulações e subversões.
Sob a prática da manipulação, a nação viu-se associada à uma declaração de oitenta por cento de preferência eleitoral a favor da ditadura e, pior do que isso, a governação imputou à nação, a exclusão de partidos políticos!

Estado da nação: Conspurcada e amargurada. Estado da governação: Arrogante e descontrolada!
Bill Clinton, ex-presidente norte-americano a quem coube o triste papel de desequilibrar o processo de obtenção da democracia em Angola, reconheceu na dominação uma prática detestável.

Em visita ao nosso país em Agosto de 2009, Hillary Clinton não falou à oposição nem à instituições científicas e estudantis do nosso país, desnudando com o gesto diplomático o pensamento de Barack Obama, presidente dos poderosos Estados Unidos da América: Angola é um país ditatorial e sem formação.

Mário Soares, ex-estadista europeu de reputação consolidada, viu na cleptocracia uma prática do clã dominante em Angola. Bob Geldoff, activista irlandês corroborou posteriormente com palavras que adjectivam com repugnância o mesmo clã! Angola é um país de ladrões!

Lula da Silva, o popularíssimo ex-presidente do Brasil, no último semestre do seu mandato – 2010 - , afirmou que o governo tinha aprovado uma nova constituição! Ele, Lula da Silva, a governação e a nação angolana, sabem o que é a nova constituição!

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente brasileiro, numa atitude próxima do corrupto, sugeriu que a governação optasse pelo imposto, uma vez que sem esse ferramenta da economia, haveria o dado. Henrique Cardoso demonstrou que desconhecia a existência do tirado, um mecanismo muito em uso contra a nação angolana: A energia tirada, a saúde tirada, a educação tirada e sobretudo, a liberdade tirada! Mais impostos? Talvez para apoio a corrupção internacional.

O ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, recusou-se a comentar as “eleições” de 2008 em Angola, endereçando recados claros à governação e à observação europeia. Infelizmente para a nação angolana, mais não foi feito.

No léxico político nacional, Enclave não é significado de unidade; Protectorado também não! Os argumentos intelectuais de suporte em certas causas de balcanização, acabarão por recordar que Benguela já foi um reino e que outros reinos existiam antes das aventuras coloniais ocidentais.

As leis e mecanismos contra a segurança do Estado, talvez possam desencadear a insegurança do mesmo, uma vez que o recado por detrás dessas reivindicações é único e cristalino: Juntos, não estamos bem!

Se alguém ou alguns tornaram a convivência imprópria e a nação una inconveniente, a governação sabe, tem de saber, que os processos humanos uma vez desencadeados, raramente deixam de evoluir.

As relações com países fronteiriços já conheceram melhores dias e há dados que apontam a arrogância governamental como estando na base das hostilidades. As consequências sobram para a nação, envolvida no movimento entre e inter-Estados. Estado da nação: dividida e ameaçada. Estado da governação: arrogante, descuidada e insegura.

Aproveitar a presença de Thabo Mbeky, presidente da África do Sul, para anunciar uma atipicidade de mandato popular, foi infeliz e ajudou a manchar ainda mais a imagem do continente africano. Contudo, aproveitar a presença de Hillary Clinton para sugerir à nação, o declínio total da coerência na maior potencia militar do planeta, foi um desastre.

Estado da Nação: abusada. Estado da governação: insustentável. A injecção de meios financeiros nas praças internacionais em declínio, processos económicos e financeiros sem transparência, a doação ou empréstimos de fatias do território nacional, a atribuição de cidadania a estrangeiros, fora das competências constitucionais, sugerem o retorno ao totalitarismo.

Os serviços migratórios brasileiros informam: 65% dos refugiados africanos no Brasil, são na sua maioria, angolanos! a nação está em debandada, impelida pela governação. Os comités de especialidade da governação, dividiram a nação: professores e médicos representam a presença dos tecnocratas do regime alemão de Adolph Hitler. Não pode haver segredo e zelo profissional no ensino, na saúde, nas telecomunicações, na família! Com tais técnicos, a confiança revela-se um erro perigoso.

Estado da nação: dividida. Estado da governação: irresponsável. Os mecanismos desencadeados para consolidar o retorno ao totalitarismo advertiram a nação para a extinção total dos partidos políticos e com estes, os próprios May Be Man. Caberá a nação reagir de acordo com as leis físicas e políticas. Nelson Mandela, herói africano e ex-presidente da África do Sul, afirmou:

“Sempre é o opressor e não o oprimido, quem determina as formas de luta”.
A independência de qualquer Estado pode ser um bem em si mesmo, mas tal processo não desencadeia em absoluto a realização das nações. Para nós, povo angolano, a nação foi traída.

Estado da Nação: Atenta. Estado da governação: Avisada.
Tal como no tempo da dominação externa, inviabilizada a convivência entre autóctones e invasores, somos chamados a conhecer as ferramentas de subjugação que atingem a vontade e auto-estima: Leis contra a segurança do Estado substituem as acções para a consolidação da nação; culto à personalidade, substitui acções de criação da autoridade baseada no consentimento e no respeito; os postos de trabalho em empresas de ponta, “são reserva de assinantes do cartão do partido”; a manipulação dos processos democráticos, substituem o mandato popular; arrogância, expropriação, desonra, injustiça, sonegação, delinquência e pilhagem resumem ao ignorante e ao ilustrado o projecto da nova dominação! Jonas Savimbi, Holden Roberto, Mfulumpinga Landu Vitor, Ricardo de Melo, Adão da Silva e tantos outros, presentes!

Luanda, 11 de Novembro de 2010
O presidente da Aliança Nacional
Laurindo Neto

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