O recente banquete oferecido para 7 mil
funcionários e convidados na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI)
em Washington durou das 20h até à 1h da madrugada e custou 380 mil euros aos
cofres da instituição que cobra dos países pobres cada vez mais cortes
nos benefícios às populações carentes e trabalhadores de baixos salários.
O menu, de quatro páginas, anunciava entradas de caviar, salmão e ostras,
cozinha de cinco países, bebidas à vontade.
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No jantar do FMI para o Natal, houve
de tudo, menos austeridade. Já sabemos que a entidade lucra tanto mais quanto
melhor esmaga os países que caem na rede dos seus empréstimos (só com a Grécia,
este ano, espera obter de juros US$ 899 milhões, lembra o diário
norte-americano Washington Post), mas começa a ser marca registada do Fundo
deixar bem marcado que aqueles que forçam os outros a ser austeros
distinguem-se por fazer exatamente o oposto.
O menu indicava que as entradas foram
servidas entre as 20h e as 21h30 no 1º andar da sede e incluía uma lista de
seis acepipes onde não faltaram os tradicionais Caviar Crème Fraiche,
as ostras e o salmão defumado. Os comensais podiam depois escolher entre as
“estações” indiana, tailandesa/vietnamita, mediterrânica e do Médio Oriente,
espanhola, mexicana e até “norte-americana”, espalhadas pelos diversos andares
e salões de dois edifícios.
Os cocktails especiais tinham nomes
como Cumprimentos do Paraíso, ou Mr. Grinch (?). E as
sobremesas foram as mais variadas, de fina pastelaria francesa, bolos e frutas.
O jantar, em dólares, chegou aos US$ 500 mil.
Não é novidade que o Fundo se oriente por
regras opostas àquelas que prescreve para os que supostamente ajuda. Veja-se o
caso do alto funcionário Poul Thomsen, dinamarquês que já chefiou a missão do
FMI para Portugal e agora está à frente da missão para a Grécia. O homem que
mais defendeu a proposta de aumentar o horário de trabalho em meia hora e
insistiu em cortes de benefícios para Portugal, que foi mais longe na defesa
das demissões de funcionários públicos, ganha mais de US$ 309 mil por ano, de acordo
com o nível B05 do FMI.
Segundo o jornal grego Eleftheros Typos,
como funcionário do FMI não-norte-americano residente nos Estados Unidos,
grande parte dos seus rendimentos são livres de impostos – uma das benesses
garantida pelo FMI aos seus empregados. Thomsen terá tido um aumento no seu
vencimento, em 2011, de 4,9% – garantido pelo FMI.
Imagem: Poul Thomsen, executivo do FMI,
sugere a demissão em massa de funcionários públicos gregos, entre uma mordida e
outra no coquetel de caviar
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