Lisboa - A empresa de capitais angolanos dona do semanário
Sol anunciou esta quinta-feira que é candidata à privatização ou concessão da
RTP se este negócio se revelar “interessante” para as duas partes.
Fonte:
Publico Club-k.net
Em comunicado, o
conselho de administração do grupo afirma ter “disponibilidade e meios para, isoladamente
ou em parceria, apresentar uma candidatura séria com vista a assegurar e
garantir a implementação de um projecto verdadeiramente sólido e independente
para a RTP”.
A administração
diz mesmo que esta sua decisão “não será alterada por quaisquer afirmações de
cariz xenófobo, nem tão pouco por processos de intenção ou teorias da
conspiração” que possam feitas para “denegrir” a empresa ou os seus
accionistas.
O PÚBLICO tentou
contactar a administração da Newshold mas não foi possível obter qualquer resposta.
O ministro Miguel
Relvas garantiu há duas semanas que irá levar o dossier da RTP a Conselho de
Ministros ainda este mês. Conforme o PÚBLICO noticiou, o cenário particamente
fechado e preferido pelo ministro da tutela é a privatização de 49% do grupo,
ficando depois o parceiro privado com a gestão total através de um acordo
parassocial.
Num extenso
comunicado, assinado pelo presidente do conselho de administração da Newshold,
Sílvio Alves Madaleno, e por Mário Ramires, presidente executivo, a empresa diz
que na origem da “recente onda de notícias e opiniões difamatórias” que sobre
si têm sido publicadas está a eventual privatização da RTP e a “compreensível
apreensão que a incerteza quanto ao destino da operadora pública de televisão
em Portugal” está a provocar nos restantes operadores do sector.
A Newshold justifica a sua “prudente e radical reserva” sobre as suas intenções em relação à RTP com o facto de o próprio Governo português ter mostrado “incerteza” sobre o destino que reserva ao grupo público de TV e rádio. Por isso, preferiu manter a sua “posição reservada para o momento em que haja um modelo de negócio aprovado”.
“É, pois, chegado o momento de a Newshold afirmar, para que não restem quaisquer dúvidas, que, na hipótese de a solução a definir pelo Governo português para a privatização ou concessão da RTP se revelar um negócio interessante para as partes, a Newshold tem disponibilidade e meios para, isoladamente ou em parceria, apresentar uma candidatura séria com vista a assegurar e garantir a implementação de um projecto verdadeiramente sólido e independente para a RTP”. O grupo diz tencionar investir “em força no mercado audiovisual português” porque acredita “convicta e fundamentadamente” na sua viabilidade. Mais: sente mesmo “ser quem está nas melhores condições para manter vivo o projecto da RTP em todo o mundo lusófono”.
A administração da Newshold queixa-se de ser apontada com frequência pelo sector dos media portugueses como um “grupo supostamente ‘misterioso’, de interesses alegadamente ‘obscuros’ e ‘angolano’. Nada mais falso”.
A empresa lembra que por ter uma participação qualificada na Cofina, de Paulo Fernandes, que edita o Correio da Manhã, o Record e o Jornal de Negócios, tem que ter todos os seus accionistas identificados. Quem o faz, diz a empresa, é porque tem “preguiça” em procurar informação.
A quase totalidade do grupo Newshold pertence à Pineview Overseas, uma empresa de capitais sedeada no off-shore da cidade do Panamá.
A Newshold acrescenta que os accionistas têm de facto nacionalidade angolana mas também portuguesa. Para além de terem obtido, fruto do seu trabalho e dos seus negócios, proveitos financeiros em Angola, que agora servem de suporte à sua actividade empresarial em Portugal”. “Em que é que o capital da Newshold com origem em Angola é diferente do capital com origem em Angola que hoje permite em Portugal a sobrevivência de muitas empresas de tantas áreas e que está a auxiliar a recapitalização da banca?”, questiona o grupo.
Afirmando haver “razões de fundo” para a tentativa de “liquidação da empresa e da honra dos seus accionistas” por parte da comunicação social portuguesa, a Newshold atribui o “incómodo” que causa ao facto de ser “absolutamente independente” dos interesses que condicionam os media portugueses, nomeadamente a banca e a finança. Porque possui “liquidez financeira e capital mais do que suficientes para não se deixar governar a partir de interesses exógenos”.
“O facto de não ter compromissos nem dívidas para com quaisquer ideologias, regimes ou financiadores externos lhe permite reunir condições únicas para ser completamente independente, com plenas condições para se concentrar única e exclusivamente na qualidade, no rigor e na liberdade de trabalho dos seus profissionais e dos títulos que detém, prosseguindo o objectivo único de servir o público e de ser referência no mercado da comunicação social em Portugal e em todo o mundo lusófono”, lê-se ainda no comunicado.
O grupo diz-se “independente de tiques colonialistas, mas também de complexos coloniais” e afirma que “não enferma, nem os seus accionistas, de saudosismo nem de subserviência. Não vive do preconceito colonial e não se verga ao complexo do colonizado”.
Sem comentários:
Enviar um comentário