Na passada sexta-feira em
manifestação reivindicativa
Maputo
(Canalmoz) – O ministro dos Combatentes, Mateus Khida, foi durante horas
mantido refém no interior do edifício ministerial, na Av. 24 de Julho, cidade
de Maputo, por grupo de antigos agentes do Serviço de Informação e Segurança do
Estado (SISE) que reivindica pagamento dos valores de pensão de desmobilização.
O
grupo amotinou-se defronte do edifício, nas primeiras horas do dia até às 17
horas da tarde, não permitindo a entrada nem a saída de qualquer pessoa que
fosse, dentre eles o ministro e os funcionários.
A
Força de Intervenção Rápida (FIR) esteve em peso no local, juntamente com
outros agentes da Polícia de Protecção, mas os manifestantes, que há muito vêm
ameaçando o Governo com greve, mantiveram-se inabaláveis, e o ministro só foi
liberado quando os antigos agentes secretos anuíram.
Os cabazes que precipitaram a manifestação
Há
muito que os antigos agentes dos serviços secretos vêm reclamando o não
pagamento das suas pensões e o Governo vem fazendo promessas de resolver o
problema, mas nunca o resolve. Recentemente consta que o executivo teria
prometido atribuir cabaz de natal para cada um dos agentes, para permitir
festas felizes este Dezembro, enquanto se aguarda pelo pagamento da pensão. Mas
os cabazes não saíram e os antigos agentes esgotaram a paciência.
“Estamos
aqui porque há 20 anos que não temos as nossas pensões. Devíamos ter feito esta
manifestação há muito tempo, mas eles pediram que não nos manifestássemos
mediante uma promessa”, disse o porta-voz do grupo, Adolfo Beira.
A
referida promessa passava, segundo o porta-voz do grupo, pela aceleração na
tramitação do processo referente ao pagamento das pensões, no sentido de o caso
estar até o dia 15 de Dezembro do presente ano no Tribunal Administrativo.
“Não
havendo possibilidade, pediram-nos novamente que prorrogássemos a data até 15
de Janeiro de 2013 e em compensação dariam a cada um de nós cabaz para as
festas do natal e do fim do ano”, disse Adolfo Beira sem especificar
exactamente o que o cabaz devia conter.
Prosseguiu:
“para o espanto de todos, quando chegamos aqui disseram-nos que só há cabazes
para 20 homens, no universo de 300 que eles pediram para o primeiro dia
sexta-feira (dia 14), e os outros (1.552) deviam levantar os seus produtos na
segunda-feira (dia 17). Agora enquanto não resolveram o nosso problema ninguém
sai daqui”, disse o porta-voz à Reportagem do Canalmoz presente no local.
Negociações entre as partes
Depois
de algumas horas de diálogo entre o grupo dos revoltados e os representantes do
Ministério dos Combatentes, chegou-se a um consenso segundo o qual o Ministério
tudo faria para que os manifestantes pudessem levantar os cabazes no dia
seguinte-sábado (dia 15), mas sem batata, frango e peixe porque o fornecedor só
teria tais produtos no stock na segunda-feira.
A
proposta do Ministério dividiu opiniões no seio do grupo. Alguns preferiam
levantar o pouco e ficar à espera do resto, algo rejeitado pela maioria. Mas
finalmente se chegou ao entendimento de cada um escolher o que lhe parecesse
melhor.
Retenção de Khida e funcionários
Enquanto
não se chegava ao consenso, ninguém podia sair do edifício do Ministério dos
Combatentes. Temendo o pior, reforçou-se o local com a FIR e agentes de
Protecção, todos armados até aos dentes, mas transformaram-se em leões domados,
diante de antigos estrategas de segurança, revoltados.
O
ministro dos Combatentes, Mateus Khida, também um antigo agente de Segurança do
Estado, ficou retido para além da hora normal de expediente. Conseguiu sair do
edifício mediante uma desculpa de que tinha perdido um familiar, mas que
voltava logo que possível. Mas não se fez mais ao local.
Já
os “pobres” funcionários foram libertados por volta das 17 horas, quando deviam
sair às 15:30 horas, como estipula o horário da função pública.
Chegaram os “pobres cabazes...”
Depois
de muita confusão que durou umas 7 horas, na hora da distribuição dos produtos,
uma autêntica vergonha. Cada cabaz continha 10 kg de arroz, 3kgs de açúcar, 1
litro de óleo, duas barras de sabão bingo, um quilo de trigo, duas latas de
leite condensado, uma barra de manteiga-Blossom e uma garrafa de sumo Super 7.
Hoje
às 10 horas vai acontecer a segunda fase da distribuição dos cabazes, já no seu
quartel na zona do Hospital Militar. (André Mulungo)
Imagem: Paisagens de Pemba -
Moçambique - Africa
jardinsmaravilhosos.blogspot.com
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