quinta-feira, 8 de abril de 2010

A modesta contribuição da Igreja de Angola no desenvolvimento económico e social


A Igreja tem tanta experiência secular, que se torna imprescindível no apoio e extirpação da corrupção em Angola. A igreja é uma mais-valia, é um bom exemplo a seguir. Bem-haja!

«A Igreja Está Ao Serviço Do Poder? - Domingos da Cruz

Brasil - Ponto prévio. A abordagem a que nos propómos, é seqüência do artigo anterior, «deus vendeu a sua alma ao diabo!» De acordo com a vocação e missão da igreja, ela deve tomar posições claras em relação ao estado do país e da forma como está a ser conduzido. Por exemplo, o bispo do Congo Democrático D. Joseph Malula confrontou o poder instaurado por Mobutu, opondo-se de forma clara. Não poucas vezes a conferência episcopal congolesa agiu em uníssono. Mais recentemente o episcopado Namibiano, em conseqüência das lamentações do povo em relação aos gastos avultados do presidente nas suas viagens, teve que ir ao encontro do presidente manifestando a posição do povo e assumiram que também concordam com a visão dos Namibianos.

Fonte: CLUB-K.NET


Nos últimos dias, há um ambiente de tensão entre a igreja Católica Zambiana(arcebispo de Lusaka, Telesphore Mpundu e o padre Frank Bwalya ) e o poder, pelo facto de criticar severamente a corrupção durante o consulado do presidente Rupiah Banda. A história regista vários exemplos da necessária e pronta intervenção da igreja para repôr a justiça, a paz, a verdade e a reconciliação. O papa João Paulo II sempre se opôs ao comunismo e contribuiu para a sua queda. Apoiou também os grupos de pressão na Polônia até a instauração da democracia participativa.
Não podíamos deixar de citar Dalai Lama, que usa da sua força enquanto líder espiritual, para libertar o povo tibetano do regime Chinês, com todos os riscos que isto comporta.

Ainda no continente negro, temos uma personalidade de elevado respeito mundial, Desmond Tutu, que tem uma intervenção clara quando se põe em causa a pessoa. Entre várias, a mais recente foi a sua visão sobre o Zimbábue, ao afirmar que R. Mughabe deve ser derrubado do poder. De acordo com algumas críticas, não se pode transformar a igreja num oponente ao governo. Sim, concordamos. Nunca foi esta a nossa pretensão. Simplesmente fomos mal entendidos. O que nós queremos é que a igreja não se silencie perante as injustiças, sob pena de perder a sua identidade. E o mais grave, que a igreja não esteja fundidida com o poder, para o poder e em poder!
De acordo com a sociologia política africana, muitas vezes nos momentos de crises políticas e sociais, só a igreja favoreceu a resolução das querelas com sua experiência de mãe e mestra da humanidade. Preocupa-nos saber, que num país como Angola, onde as sementes do ódio e de convulsões sociais são implantadas todos os dias, não tenha reserva moral capaz de ser solução para possíveis sublevações ou para prevenir.
Tal como afirmamos, o fim do conflito militar causou desestabilidade financeira à igreja, e não só. Mas se quisermos ser rigorosos e partirmos do pressuposto segundo o qual, a paz é a tranquilidade na ordem, e mais: se termos em conta que as dimensões da verdadeira paz, da paz de facto, então, a conclusão razoável é que Angola continua em guerra, uma guerra pura e dura. Por isso, o desafio da paz continua. Está ai, a espera de profetas nos dias de hoje.
«(…) um país com uma democracia débil, governantes altamente corruptos e criminosos, índices elevadíssimos de intolerância política, falta de transparência, instituições inoperantes, exclusão social e partidarização das instituições, justiça extremamente parcial, etnicismo exacerbado, governo máfia, intelectuais frouxos, governantes sem formação, população extremamente armada, partidos do «funje» como diria Belarmino Van-Dúnem, que só esperam o dinheiro que é-lhes de direito, autoridades tradicionais do MPLA, assimetrias regionais (...) A conclusão lógica e razoável» é que de facto estamos em guerra, e a paz é mais do que urgente, por isso, há muito trabalho para Igreja hoje… Não têm porquê descansar.
Sempre que houver injustiça e miséria, a paz é sempre actual. Tendo como pano de fundo a crise em que está mergulhada a hieraquia, arrastadando consigo alguns sacerdotes que estão bem identificados, seria bom os leigos tomarem consciência do perigo da teologia descendente – ou seja – alguns que estão no topo salvam o povo através dos ritos a que estão habilitados como consequêcia da ordenação sacerdotal ou episcopal. Esta gente já nao merece a nossa confianca, por isso, a nossa relação com Deus é essencialmente pessoal, sem perder de vista a dimensão comunitária da nossa fé, mas não tendo mais estes senhores como referências. Ninguém salva ninguém. Só Jesus salva. Mais ninguém! Esta miséria estende-se também às igrejas Protestantes e as seitas(grupos religiosos independentes). Também abriram as portas das suas igrejas para fazer campanha. Receberam ofertas publicamente com toda a publicidade eleitoral que convinha ao patrão. Entre elas citemos algumas: Igreja Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus Pentecostal, Igreja Metodista Unida, etc. Nestas, muitos pastores e bispos também foram agraciados com carros, casas e quantias em dinheiro. Um dos casos mais emplemático foi o envolvimento a nú e crú do reverendo, Antunes Wambo que usou da sua influência como líder da Juventude Cristã para fazer campanha a favor da classe opressora.

De acordo com uma entrevista que condecedeu ao Semanário Folha 8, e recuperada pelo Jornal On-line Club K, revelou que estava discontente com o MPLA pelo facto de não o recompensar tal como esperava, tendo afirmado que o grupo do poder não convém, porque concede benesses aos que não merecem.

Por outro lado, Antunes Wambo trabalhou directamente com Pitra Neto, o então vice- presidente do MPLA, no cabinete para cidadania e sociedade civil do partido. Com base nas suas palavras proferidas na Radio Despertar, num debate onde participamos, assume-se como membro do MPLA e quer assumir um cargo de chefia!
Ainda no quadro das eleições legislativas de 4, 5 e 6 de Setembro 2008, de uma forma geral notamos uma autêntica prostituição política (também) dos bispos protestantes. José Quipungo, bispo da igreja metodista unidade de Malanje e representante da região leste, numa entrevista que concedeu ao jornal A Capital proferiu as seguintes palavras: «Eu sou do MPLA desde manha até a noite» No dia 5 de Setembro no momento de depositar o seu voto na urna, em directo, pela TPA, disse: «Votem no partido do coracão, eu já votei». Só estas evidencias bastam, para não falar da vergonha que é o Dom Emilio de Carvalho, Gaspar João Domingos e seus acólitos.
O processo constituinte foi outro momentos onde verificamos claramente a colagem da igreja angolana ao poder, ao condenarem a UNITA pelo facto de abandonar a assembleia, ao manifestarem adesão a proposta C, proposta ilegal que Eduardo dos Santos introduziu, fazendo mais uma vez o que é de costume, uso e abuso do poder, mesmo assim teve os aplausos dos bispos. Eis a posicão lapidar do bispo da igreja Tocoista, D. Afonso Nunes: «...manifestamos ao Presidente os nossos agradecimentos pela forma sábia e clarividente como tem conduzido os destinos do nosso país».
Sendo a hierarqui da igreja católica um aliado do poder, também não perderam de vista o control da rádio ecclesia, e por isso, a censura é já uma prática quando se trata de matérias críticas ao parceiro – o regime – tal como se pode provar:

A direcção da rádio Ecclesia censurou o programa Discurso Directo, que transmitiria em reposição extratos da comunicação feita por Marcolino Moco em Benguela no debate a quinta-feira, um espaço que reúne quinzenalmente convidados e o público local para dissertação sobre temas de interesse actual, promovido pela organização cívica local OMUNGA.

(...) as pressões vieram de dois sentidos. Um veio através da via ministerial que contactou directamente os responsáveis da rádio sobre quem entre outras coisas, começou por acusar de prazenteira pelo discurso satírico do ex- Primeiro Ministro de Angola, quando tecia críticas contra o actual presidente da República que no interesse próprio tem adiado a realização plena da democracia. O outro caminho que foi usado terá sido o contacto directo com influentes figuras de topo na igreja, que ordenaram depois que o programa não fosse mais transmitido em reposição, às 20 horas de quarta-feira como é habitual.
O teatro e a instrumentalização da hirarquia não para por aqui. O Cientista político Nelson Pestana Bonavena foi expulso do Instituto Superior Joao Paulo II, pertencente a Igreja Católica, pelo facto de ser uma personalidade crítica ao regime. De acordo com a midia, o regime pressionou os bispos para o retirarem e os bispos por sua vez pressionaram o Reitor, Frei Joao Domingos, que ficou muito mal na fotografia, tendo em conta o prestigio que grangiou pela sociedade por causa das suas posições proféticas anteriores. Importa frisar, que o Reitor dismentiu que o professor tinha sido expulso, afirmando que lhe foi pedido para oucupar outro cargo na instituição, que não de professor por razões pedagógicas e rendimento dos alunos. Alguns líderes religiosos manifestam-se insatisfeitos pelo facto do governo angolano tomar algumas decisões que tem a ver com esta área (religiosa) sem os consultar. Esta reclamação na nossa perspectiva perde sentido porque a igreja hoje está ao serviço do poder.
A igreja, ou melhor os lideres religiosos já não têm autoridade moral perante as autoridades políticas porque partilham os mesmos actos, comem dos mesmos dinheiros roubado, se não vejamos, quem aceita ofertas de corrupto, de ladrão é o que? A resposta é uma conseqüência lógica e evidente…!!! Nesta senda, o Secretário geral do CICA, reverendo Luis Nguimbe foi até colocado na lista de candidatos a deputado do MPLA, posição número 8. Talvez por vergonha renunciou. De acordo com a midia foi colocado sem ser consultado! Essa é boa. Agora líderes religiosos são tratados como trapos por causa do dinheiro. O que é que o dinheiro não faz? Outra situação grave é a posição que o bispo de Cabinda tem tomado em relação a violação dos direitos humanos.

(…)De acordo com as informações veiculadas por alguns midias, (…) que a actual liderança de Cabinda no plano religioso não tem sido uma personalidade que favoreça a diminuição do enfurecer dos Cabindas, porque em muitas ocasiões entrou em colisão com os relatórios referentes a violação dos direitos humanos no enclave (e não só), dando a entender que está a tomar partido, quando o clérigo deve ser factor aglutinador, equidistante e estar acima das partes. A extinta Npalabanda sempre publicou relatórios chocantes em relação a forma como as FAAs e a policia tratam os cidadãos daquela zona e em muitas ocasiões o bispo desmentiu, quando na verdade haviam provas fotográficas horripilantes.
Não podiamos deixar de citar o padre Apolonio Graciano que se serve das suas homilias para se lançar contra os críticos do regime. Chegou até ao pico da bestialidade ao dizer que em Angola não há pobres porque as pessoas têm Rav4, telemóveis e parabólicas. Enfim, as suas homilias são de um autentico comissário político do partido-estado. Não é por caso que chegou a afirmar que se alguém não gosta das suas pregações que se retirasse da igreja!

Porém, durante um periodo da nossa história, que vai de 1975-2002 a Igreja esteve de facto ao serviço do povo e de Deus, hoje pelos sucessivos factos visíveis e por investigar, nota-se claramente que ela é do poder e para o poder, dai a seguinte questão: a igreja angolana está ao serviço de Deus, do povo ou do poder ?»

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