De acordo com as informações que sempre
circularam no sector, a barragem de Capanda terá nascido com alguns problemas
estruturais graves que nunca foram assumidos por quem de direito ou pelo menos
nunca foram tornados públicos.
Sindicatodosjornalistasangolanos.org
O referido problema que impedia que o
reservatório de água fosse completamente preenchido e que tem a ver com a
estabilidade da própria barragem foi detectado/diagnosticado há três anos.
Os especialistas consideram que este tipo de
problema pode acontecer nas chamadas barragem de “enrocamento”, sendo Capanda
uma dos maiores que se conhecem a nível mundial.
A verificar-se a mesma situação na barragem
de Cambambe, que foi feita em “arco e betão”, o problema seria muito mais grave
em termos de solução.
Na recente entrevista que concedeu ao Novo
Jornal (edição 250),o Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, não
quis admitir a existência dos tais eventuais “defeitos de fabrico” mas confirmou
que Capanda foi objecto de uma significativa reparação na sua estrutura, que só
podia ser feita com o reservatório em baixo.
O ministro revelou que no ano passado, em
Dezembro, tiveram de ser efectuadas “intervenções de emergência na barragem de
Capanda”.
Baptista Borges pontualizou que a intervenção
foi ao nível da manutenção, por recomendação da empresa que projectou a
barragem.
“Havia sinais que recomendavam uma
manutenção urgente e a colocação de órgãos de supervisão. Enquanto esta
intervenção estivesse a decorrer, havia uma limitação do enchimento da
albufeira. A intervenção de emergência decorreu até ao mês de Abril.”
O ministro adiantou que após a conclusão
desta intervenção a albufeira começou a ser enchida de forma controlada, mas
como em Abril e Maio não choveu no Planalto Central não foi possível encher o
reservatório até ao nível 950, que é o nível máximo, tendo-se ficado pelos 940
metros.
Para quem tem uma ideia do perfil do
reservatório, esclareceu, “perder dez metros na parte superior equivale a
perder milhões de metros cúbicos de água”.
Isto deve-se ao facto do reservatório está
feito em forma de V, sendo a lâmina de água na parte superior, muito maior do
que na parte inferior.
Foi por isso que não foi possível, ainda de
acordo com as explicações do ministro, chegar ao final do período de estiagem
com Capanda a funcionar normalmente.
Uma vez corrigida esta situação, garantiu
Baptista Borges, “teremos condições para, no próximo ano e daqui em diante
(desde que garantida
a manutenção da barragem), possamos ter um
nível de operacionalidade bom.”
Agora o que ninguém diz publicamente – e era
preciso ter os dados de geração para calcular – é que em Agosto a barragem
produziu mais do que devia para não faltar energia em Luanda antes das
eleições, tendo desta “gestão política” resultado o sufoco que se conheceu e
que ainda se mantém.
Ou seja, não se seguiu as normas técnicas que
se impõem nestas circunstancias em que se começa muito tempo antes a economizar
água para não se chegar a situações criticas como a que se está a viver.
Sabe-se que não foi uma decisão do sector produzir mais que o aconselhável para gerir a escassez de água até finais de outubro, meados de novembro, altura em que começa a aumentar o caudal do rio, normalmente.
Sabe-se que não foi uma decisão do sector produzir mais que o aconselhável para gerir a escassez de água até finais de outubro, meados de novembro, altura em que começa a aumentar o caudal do rio, normalmente.
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