terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os reais problemas (estruturais) da barragem de Capanda


De acordo com as informações que sempre circularam no sector, a barragem de Capanda terá nascido com alguns problemas estruturais graves que nunca foram assumidos por quem de direito ou pelo menos nunca foram tornados públicos.
Sindicatodosjornalistasangolanos.org
O referido problema que impedia que o reservatório de água fosse completamente preenchido e que tem a ver com a estabilidade da própria barragem foi detectado/diagnosticado há três anos.
Os especialistas consideram que este tipo de problema pode acontecer nas chamadas barragem de “enrocamento”, sendo Capanda uma dos maiores que se conhecem a nível mundial.
A verificar-se a mesma situação na barragem de Cambambe, que foi feita em “arco e betão”, o problema seria muito mais grave em termos de solução.
Na recente entrevista que concedeu ao Novo Jornal (edição 250),o Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, não quis admitir a existência dos tais eventuais “defeitos de fabrico” mas confirmou que Capanda foi objecto de uma significativa reparação na sua estrutura, que só podia ser feita com o reservatório em baixo.
O ministro revelou que no ano passado, em Dezembro, tiveram de ser efectuadas “intervenções de emergência na barragem de Capanda”.
Baptista Borges pontualizou que a intervenção foi ao nível da manutenção, por recomendação da empresa que projectou a barragem.
Havia sinais que recomendavam uma manutenção urgente e a colocação de órgãos de supervisão. Enquanto esta intervenção estivesse a decorrer, havia uma limitação do enchimento da albufeira. A intervenção de emergência decorreu até ao mês de Abril.”
O ministro adiantou que após a conclusão desta intervenção a albufeira começou a ser enchida de forma controlada, mas como em Abril e Maio não choveu no Planalto Central não foi possível encher o reservatório até ao nível 950, que é o nível máximo, tendo-se ficado pelos 940 metros.
Para quem tem uma ideia do perfil do reservatório, esclareceu, “perder dez metros na parte superior equivale a perder milhões de metros cúbicos de água”.
Isto deve-se ao facto do reservatório está feito em forma de V, sendo a lâmina de água na parte superior, muito maior do que na parte inferior.
Foi por isso que não foi possível, ainda de acordo com as explicações do ministro, chegar ao final do período de estiagem com Capanda a funcionar normalmente.
Uma vez corrigida esta situação, garantiu Baptista Borges, “teremos condições para, no próximo ano e daqui em diante (desde que garantida
a manutenção da barragem), possamos ter um nível de operacionalidade bom.”
Agora o que ninguém diz publicamente – e era preciso ter os dados de geração para calcular – é que em Agosto a barragem produziu mais do que devia para não faltar energia em Luanda antes das eleições, tendo desta “gestão política” resultado o sufoco que se conheceu e que ainda se mantém.
Ou seja, não se seguiu as normas técnicas que se impõem nestas circunstancias em que se começa muito tempo antes a economizar água para não se chegar a situações criticas como a que se está a viver.
Sabe-se que não foi uma decisão do sector produzir mais que o aconselhável para gerir a escassez de água até finais de outubro, meados de novembro, altura em que começa a aumentar o caudal do rio, normalmente.

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