sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Basquetebol partidário, casebres e futebóis (1)


Basquetebol partidário, casebres e futebóis (1)
E tal como Jasão e os seus Argonautas, os nossos heróis do cesto desembarcam da nave Argo e em apoteose celestial começam os habituais suspiros dos esbirros não patrióticos particularizados, da partidarização.
Neste momento o que aparece funcional é a oposição dos casebres.
Parece que só falta proclamar que todos os jogadores e todos os mais ligados ao basquetebol são militantes do MPLA.

Um partido que continua único porque é a mesma coisa que entrar na selva e mudar a vida dos animais dizendo-lhes: «vão alterar o vosso modo de vida. A partir de agora são democratas»
Há governantes que insistem, não desistem dos estádios de futebol e basquetebol porque são as alavancas do desenvolvimento económico e social.
E ficamos tão bonitos, tão imortalizados porque já não existem descampados mas campos com estádios que se querem lotados. E campos de concentração abarrotados dos que sem soluções governamentais construíram antes na invectiva dos poderosos, o desprezo do mote casebres e friamente lá jazem. Depois espera-os o sol e muita chuva que se aproxima. E assestarão os olhares para os estádios e ressoarão os murmúrios deles imobilizados, povoados de fantasmas. Dos milhões gastos não sobrou nada, nunca sobra, para alimentar a esperança de tantas promessas que já temos a certeza apenas alimentam os especuladores imobiliários dos terrenos a dois mil e quinhentos dólares o metro quadrado.

E os dez vezes vencedores são adulados pela organização partidária. Atiram-lhes com a OPA-Organização dos Pioneiros de Angola, do MPLA. E a festa torna-se lugar-comum, dá para observador fazer chacota. Porque parece não ser a equipa da selecção de basquetebol de Angola mas, a selecção partidária do MPLA. Sonhou-se, agendou-se (?) mas recusou-se uma delegação dos espoliados com casebres em miniaturas para oferecerem aos notáveis jogadores que voam com os braços que parecem asas e colocam vitoriosamente a bola num cesto sem fundo. E a cidade atabalhoadamente partida, destrambelhada pelo partidarismo perde-se nos prédios que crescem desordenados. E as multidões indiferentes, obrigadas coniventes pelo unicolor gritam o inconsciente, inconsistente colectivo, aplaudem os feitos dos melhores basquetebolistas. E os defeitos da governação escondem-se, disfarçam-se com bolas e estádios perante os olhos fechados, frustrados da oposição nacional submissa.

E o veículo arrasta a plataforma dos eleitos dos cestos parecendo o Olimpo. Que prossegue na propaganda habitual do queimar, ganhar tempo. Para que os estrangeiros rapinem mais, mais e mais. E se construam mais estádios para um qualquer mais campeonato inventado. É preciso desviar, alcoolizar as atenções dos casebres da outra Angola. Porque existem duas Angolas. Uma dos palácios e outra dos tugúrios. Existem também duas populações: Uma do petróleo e dos diamantes e outra que nem sequer tem direito a sobras… das obras de fachada. E nas ruas os polícias dão porretada e espoliam nos esfomeados vendedores e vendedoras, porque quem vende qualquer coisa para não morrer à fome, é porque não vai, não alinha em basquetebóis.

O espontâneo movimento antes e sempre, surgiu como um cenotáfio que desperta de vez em quando. Autoriza-se sempre para se manifestar porque é único e do nacional partidário. Pois, é fácil organizar o basquetebol, mas criar e cultivar na agricultura é muito, muito mais difícil. Quase cinquenta anos perdidos e nunca ninguém consegui organizar um campeonato da agricultura.

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