- Os Órfãos!!! Os Órfãos!!!
Quatro deles expeditos travam-se duma zungueira, dizem-lhe para repor o alguidar cheio de bolinhos como antes no chão. Servem-se à vontade até o alguidar esvaziar, desandam à cata de novas presas. Algumas férteis em liderança desnotaram-se e conseguiram ludibriá-los. Depois da razia, unem-se e pedem contas à miséria. Os próximos dias serão acrescidos à lei marcial da fome. De semblante mais pesaroso e alguidares mais leves preparam-se para cavar. Para revender e comer terão que convencer financiadores o que não será fácil: «você está maluca da cabeça, você ainda não pagou o que deve, e queres mais?» elas defender-se-ão: «empresta só amiguinha, vou pagando aos poucos» o ultimato: «não tenho mais dinheiro, porra!»
A selva humana é a mais traiçoeira, a mais perigosa, nela, vale-tudo. Cada segundo um perigo espreita. Novos perigos, novas maldades. Mais predadores atentos para saltarem, golpearem. Mabecos de uniforme plantam-se no areal, recitam bestial. Novo pânico, aflição renovada:
- São os gatunos Politburo!
- Manas, vamos bazar!
- Como então!? Nos esvaziaram!
As escapadas do anterior armam disfarce. O convencimento não dá, os guardas Politburo são muito vivos, cangam as precisas escapadas da marabunta. Contestam, sabem que em vão:
- Moxi, os Órfãos. Iadi, vocês. Vão naqueles dos armazéns!
- Absolutamente! Patrulhámos por lá, ficámos negativos. Ganhamos mal, mesmo assim não nos pagam. A fome esforça-nos à ração de combate.
- Vão no salu do Politburo!
- Eh pá! Onde há fome… salve-se quem puder!
- Jiboiados, salafrários, ordinários de merda!
- Cala a boca, te ensacamos na prisão correccional.
- É o quê? Com a minha bebé?
- Absolutamente.
Os alegres samurais da lei ajeitam-se fotogénicos para a corrida. O chefe dá ordem. A chaparia, as rodas, assobiam arenosas. Lá vão de olhos na divisão dos despojos. As malfadadas restam-se no silêncio das maldições, enquanto as rodas da maldade vão longe da vista, longe do coração. Os lamentos ocos repetem-se:
- Levanto ferro às quatro da manhã sem descontinuar, andar na lua da nevoenta luta continua. Demos-lhes o poder, proibiram-nos ler, ao longe sem comer.
- Amiguinha, é a filosofia anti-humanista dos novos-ricos da história da carochinha, e das suas endechas: «Por excelência ao levitar pela manhã decido: qual vou lixar hoje? Se não o fizer, desconsideram-me, perdem-me o respeito, não sou chefe. Um príncipe real a toda a força, deve estrangular a vida de outrem. Salutar, saboroso é destruir o destino dos que aspiram viver. Para obter bons negócios é importante aniquilar os amigos».
A minha longa jornada sucedia cuidada. Moscas, lixo, poças de águas sujas, buracos e assaltantes Órfãos à espreita. A Rádio Oráculo actualiza o numeral colérico: Quarenta mil infectados, e mil e quinhentos mortos.
Apercebi-me, afastei-me, segurei-me. Vi alguém assomar-se num terceiro andar, e zás! O conteúdo dum alguidar é atirado. Que assomo! É água com restos de peixe. Remiro para cima, vejo o deserto. As atiradoras são mais rápidas que o vento. Fazem lançamentos como no jogo das escondidas. São finas como ratos na madrugada. Desalentam-se saber bem ou certo, é mais fácil assim. Nas varandas preparam a comida, desajeitam-se em deitar a água suja na pia. Escolhem o caminho preguiçoso. O entupimento séptico está na Média. Tudo porta a fora.
Imagem: http://alemmarpeixevoador.blogspot.com/
Quatro deles expeditos travam-se duma zungueira, dizem-lhe para repor o alguidar cheio de bolinhos como antes no chão. Servem-se à vontade até o alguidar esvaziar, desandam à cata de novas presas. Algumas férteis em liderança desnotaram-se e conseguiram ludibriá-los. Depois da razia, unem-se e pedem contas à miséria. Os próximos dias serão acrescidos à lei marcial da fome. De semblante mais pesaroso e alguidares mais leves preparam-se para cavar. Para revender e comer terão que convencer financiadores o que não será fácil: «você está maluca da cabeça, você ainda não pagou o que deve, e queres mais?» elas defender-se-ão: «empresta só amiguinha, vou pagando aos poucos» o ultimato: «não tenho mais dinheiro, porra!»
A selva humana é a mais traiçoeira, a mais perigosa, nela, vale-tudo. Cada segundo um perigo espreita. Novos perigos, novas maldades. Mais predadores atentos para saltarem, golpearem. Mabecos de uniforme plantam-se no areal, recitam bestial. Novo pânico, aflição renovada:
- São os gatunos Politburo!
- Manas, vamos bazar!
- Como então!? Nos esvaziaram!
As escapadas do anterior armam disfarce. O convencimento não dá, os guardas Politburo são muito vivos, cangam as precisas escapadas da marabunta. Contestam, sabem que em vão:
- Moxi, os Órfãos. Iadi, vocês. Vão naqueles dos armazéns!
- Absolutamente! Patrulhámos por lá, ficámos negativos. Ganhamos mal, mesmo assim não nos pagam. A fome esforça-nos à ração de combate.
- Vão no salu do Politburo!
- Eh pá! Onde há fome… salve-se quem puder!
- Jiboiados, salafrários, ordinários de merda!
- Cala a boca, te ensacamos na prisão correccional.
- É o quê? Com a minha bebé?
- Absolutamente.
Os alegres samurais da lei ajeitam-se fotogénicos para a corrida. O chefe dá ordem. A chaparia, as rodas, assobiam arenosas. Lá vão de olhos na divisão dos despojos. As malfadadas restam-se no silêncio das maldições, enquanto as rodas da maldade vão longe da vista, longe do coração. Os lamentos ocos repetem-se:
- Levanto ferro às quatro da manhã sem descontinuar, andar na lua da nevoenta luta continua. Demos-lhes o poder, proibiram-nos ler, ao longe sem comer.
- Amiguinha, é a filosofia anti-humanista dos novos-ricos da história da carochinha, e das suas endechas: «Por excelência ao levitar pela manhã decido: qual vou lixar hoje? Se não o fizer, desconsideram-me, perdem-me o respeito, não sou chefe. Um príncipe real a toda a força, deve estrangular a vida de outrem. Salutar, saboroso é destruir o destino dos que aspiram viver. Para obter bons negócios é importante aniquilar os amigos».
A minha longa jornada sucedia cuidada. Moscas, lixo, poças de águas sujas, buracos e assaltantes Órfãos à espreita. A Rádio Oráculo actualiza o numeral colérico: Quarenta mil infectados, e mil e quinhentos mortos.
Apercebi-me, afastei-me, segurei-me. Vi alguém assomar-se num terceiro andar, e zás! O conteúdo dum alguidar é atirado. Que assomo! É água com restos de peixe. Remiro para cima, vejo o deserto. As atiradoras são mais rápidas que o vento. Fazem lançamentos como no jogo das escondidas. São finas como ratos na madrugada. Desalentam-se saber bem ou certo, é mais fácil assim. Nas varandas preparam a comida, desajeitam-se em deitar a água suja na pia. Escolhem o caminho preguiçoso. O entupimento séptico está na Média. Tudo porta a fora.
Imagem: http://alemmarpeixevoador.blogspot.com/
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