quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Epopeia das Trevas (40)


Ajustei o campo binocular. Um jornalista de fraqueza física, mas de espírito forte, tentava amainar um antagonista latagão. Discutiam-se e improperavam-se. O jornalista ao correr da pena ecoava que apenas dera um leve toque na traseira da viatura do latagão. Estavam a ficar intransitáveis, porque o latagão não aquiescia. Ao contrário, publicitava que era formado em pugilismo pelos ringues mais violentos que ainda subsistem. Sem pena, remexeu os toros musculados e desembainhou os punhos de aço natural. A bater o aço no intelecto do jornalista, que apenas conhecia defender-se com caneta e papel ou computador portátil. As palavras desvaneciam-se na mente redactorial. Perdeu o sentido da vida. O latagão como animal enjaulado não despenava a vítima. Incansável como máquina metálica programada para matar. Braçais possantes conseguiram imobilizá-lo quando desligaram o disjuntor principal que alimentava a máquina desumana. Sentiu-se plenamente realizado porque odiava jornalistas. Assassinou um jornalista por cinquenta dólares, que era o preço da batidela. Triunfante, basculante, inocentou-se que apenas usou as mãos.

Os Jingola finalizaram a inaptidão da religião da vida interior. Deus expandiu o céu e a terra, depois contratou o Demónio para criar o Homem. Os animais selvagens vivem nas cidades, os animais civilizados nas selvas. Aperfeiçoam utensílios, inventam, renovam descobertas. Surgem novas doenças, novas epidemias. Rematam-se cada vez mais, com novas armas.
Alarmada, certifico que não evoluímos: fabricamos os filhos conforme preceituado na antropologia física. Não alterámos: beijamo-nos e acariciamo-nos antropologicamente. Não há nada de novo no ovo cósmico.

Desbravadores do roubo e da morte, inicio e fim do idealismo subjectivo. Então, que utilidade tem o ser humano? Nascer, destruir, matar. Um louco manso apelidou-o Homo sapiens. O nome correcto é: Homo Credo quia absurdum, (Homem creio por ser absurdo). Deus é a imaginação do Homem. Só existe quando necessário, aparece e desaparece. Sempre fomos e seremos pagãos. Falta-nos coragem para o confessar.


Quando a informação escasseia com intenção, os oratórios ambulantes costumam ser especulativos e evoluem para observatórios de rua. Um acontecimento de vulto é relatado, com o tempo torna-se lendário, um mito. Os Jingola instituíram observatórios de rua, nas ruas clandestinas. Popularmente, naturalmente, chamaram-lhes observatórios boca a boca. Num destes boca a boca, o orador especulava que um simples plano sem director seria suficiente para Jingola estacionar, ficar bem estacionada. Era somatório dos proeminentes que estudavam a degradada jurisdição. De improvisado púlpito e de jurisdição contenciosa esgrima-se:
- É o relativismo moral. Os Europaeus refizeram-se, refrescaram-se, depois da secundária guerra universal. Porquê!? Porque é constante a corruptela das sociedades sem um plano económico. Depois da economia de guerra, de palitos, dirigida, fechada, informal, invisível, mista, popular, velha, uf!... E de mercado… o que necessitamos é estourar um grande Plano Marcial.
Os ouvintes, desempregados sistemáticos desentendiam-no perfeitamente. Eram natas, a fina-flor do ensino superior
- Oh! Há quase cinquenta anos que estamos com esse plano de emergência.
- Carecemos da informação, da refracção da perda de intensidade da luz do backbone.
- Impaciento-me com semelhanças, inverosimilhanças.
- O plano quinquenal?!
- Sim! Esse mesmo, o das quintas.
- Não! O trienal.
- A caubóiada do ir por um plano inclinado.

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