terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Cavaleiro do Rei (45). Novela


Ainda existem reinos, que por vontade própria regressam, vivem, revivem, convivem na Idade Média. Este é um desses reinos

La Padep, imprudente, assomou à janela. Viu a imagem habitual do reino. A negra, para sempre a negra, carrega para sempre uma criança às costas. Apanha qualquer lixo do chão, e dá na criança que come e ri. Quer dizer, negros e negras para sempre confundem-se com o lixo. Fazem parte dele.

La Padep considerou: os juristas, economistas, advogados e empresários nacionais, que já não existem, políticos que se engasgam ao pronunciar uma palavra, contratam empresários estrangeiros degredados. Bem protegidos vendem-nos toda a merda. Com defeitos de fabrico, estragados, os restos das fábricas alimentares, de bebidas, tudo o que é importado. Toda a merda do seu lixo industrial aqui chega. Os lucros abissais dos dólares do inferno são carregados em malas pretensamente diplomáticas. Parece que ninguém se lembra que esta lavagem de dinheiro alimenta directa ou indirectamente os circuitos do terrorismo internacional. Impunemente já não pagam salários. Ninguém tem direito a receber pelo trabalho digno. Só os que roubam tem direito a salários pagos no estrangeiro. Se alguém reclama, não faz sentido. Porque os canos das pistolas aparecem em qualquer momento encostados nas cabeças. Manifestações são proibidas. Ainda bem! Porque fazem aumentar a raiva, o ódio do juízo final, à espera da guilhotina no final da Monarquia Francesa, tal e qual igual como aqui.

São bobos da corte, bobos do rei. Que faremos de alguém que nunca leu um livro?
Toda a família tem uma ovelha ranhosa. Sempre foi assim, certo?
Não! São duas. Um homem ou uma mulher que arruínam a nossa vida. Depois aparece outra para saborear o que resta das ruínas. Sempre assim. Depois mais outra, até que ousamos dizer, se o conseguirmos, basta!

Os fundamentos da vida estão em procurar. Saber procurar e aprender. Essa é a verdadeira essência. Depois de cansados, pontapeados, desprezados, encontramos finalmente o derradeiro Caminho. Essa verdade última, que poucos conseguem descortinar. Finalmente viver em paz com Deus, com o Universo. Mas isso ainda é um pouco da suprema Verdade. Quando estamos prestes dela, o Criador ordena que seja para sempre parado o motor da vida, que é o nosso coração cansado das nossas angústias devido aos pecados cometidos. Porque na nossa vil e vã existência fomos ensinados a odiar.

Subverter a opressão de meia dúzia ao serviço de interesses estrangeiros que nos escravizam, é fazer a revolução. A população aguarda ansiosa.

La Padep desfez o embrulho que a princesa lhe enviara. Era a indumentária vermelha e negra dos mosqueteiros do secreto Santo Oficio. A temida polícia secreta do rei. Vestiu-se e lembrou-se que faltava a espada especial dos paladinos do rei. Isso não seria difícil, porque no mercado Roque Santeiro existe tudo. É apenas uma questão de dinheiro. Pediu a uma jovem, das muitas que esperançavam serem suas namoradas. Tantas pretendentes que se lhes perde a conta. Ela aconselhou:
- Olha, vê só La Padep, este dinheiro não vai chegar!
- Fofinha, faz só confusão com o vendedor, quem sabe…
- Não sou dessas. Se faltar algum dinheiro vai exigir que namore com ele, sabes como são esses gajos, não é?!

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