POR REDAÇÃO, COM BBC - DE BRASÍLIA
O aumento do número de jovens
desempregados no mundo tem elevado os riscos do surgimento de uma “geração
perdida”, com milhares de recém-formados fora do mercado de trabalho e
descrentes sobre seu futuro, apontou um relatório da Organização Internacional
do Trabalho (OIT). De acordo com a mais recente edição do estudo “Tendências
Mundiais de Emprego”, a proporção de jovens desempregados no mundo
aumentou para 12,6% em 2012, e deve crescer ainda mais pelos próximos anos,
podendo chegar a 12,9% em 2017.
A pesquisa estima que 73,8 milhões de pessoas
entre 15 e 24 anos no mundo estão sem trabalho, de um total geral de 197
milhões, e que a frágil recuperação da atividade econômica pode elevar em 500
mil o número de desempregados nessa faixa etária já em 2014.
O relatório revela que, nos últimos anos, em
parte devido à crise financeira, muitos jovens recém-formados não conseguem
encontrar emprego, permanecendo fora do mercado de trabalho formal durante
muito tempo, o que pode não só prejudicar as suas perspectivas de carreira,
como, a longo prazo, também o próprio crescimento da economia mundial. Segundo
o estudo da OIT, tal situação extrema nunca foi observada em crises financeiras
anteriores.
A título de exemplo, atualmente, 35% de todos
os jovens desempregados nas economias avançadas estão desempregados por seis
meses ou mais tempo, ante a 28,5% em 2007, destaca a pesquisa. Como resultado,
um número cada vez maior de pessoas entre 15 e 24 anos “tem perdido as
esperanças em encontrar um emprego e desistido do mercado de trabalho”.
Entre os países europeus, o problema é ainda
maior, com 12,7% de todos os jovens do continente sem emprego e sem estar
estudando ou fazendo cursos de treinamento, uma taxa dois pontos percentuais
maior do que no período pré-crise. “Esses longos períodos de desemprego e
desânimo no início da carreira de uma pessoa podem prejudicar as suas
perspectivas de longo prazo, uma vez que suas habilidades profissionais e
sociais, além da experiência prática, não são construídas”, diz o relatório.
O estudo sinaliza que, desde 2007, quando a
crise financeira mundial ainda não havia eclodido, o número de pessoas entre 15
e 24 anos sem trabalho aumentou em 3,4 milhões. A OIT acrescenta que tal
aumento no contingente de jovens desempregados também foi acompanhado pela
saída de milhares deles do mercado de trabalho formal. Na prática, segundo o
órgão, no ano passado, foram contratados 22,9 milhões de pessoas a menos nesta
faixa etária do que em igual período de 2007.
Mundo
A OIT também analisou um panorama das
tendências de emprego globalmente. As perspectivas da entidade, entretanto, não
são positivas. O relatório indica que o desemprego em 2012 voltou a subir
depois de dois anos de queda e poderá aumentar ainda mais neste ano.
Segundo a pesquisa, aproximadamente 25% do
aumento do número de pessoas sem trabalho veio dos países ricos, enquanto o
restante foi dividido em economias em desenvolvimento, no leste e no sul da
Ásia e na África subsaariana. “Um panorama econômico incerto, e a falta de uma
política adequada para solucioná-lo, enfraqueceu a demanda agregada, freando o
investimento e o emprego”, afirmou por meio de um comunicado o diretor-geral da
OIT, Guy Ryder.
- Isso prolongou a queda do mercado de
trabalho em muitos países, reduzindo a criação de empregos e aumentando a
duração do desemprego em alguns países que previamente haviam reduzido o
desemprego e os mercados de trabalho dinâmicos – acrescentou Ryder. Por outro
lado, o relatório também destaca que o contingente de trabalhadores com
rendimento de classe média vem aumentando, especialmente em locais como a
América Latina, o que pode servir de estímulo para a retomada da economia
global.
Mas apesar de elogiar o desempenho da região,
o estudo assinala que a produtividade do trabalhador, ainda que tenha
aumentado, deve cair nos próximos anos, constituindo uma das maiores barreiras
para uma melhora na qualidade de vida e nas condições de trabalho.
Respostas coordenadas
Ryder sugeriu que os países busquem
“respostas coordenadas” à crise como estratégia para ampliar o número de
empregos e reduzir o índice de pessoas fora do mercado de trabalho.
- A natureza global da crise mostra que os
países sozinhos não podem resolver seu impacto apenas com medidas domésticas –
disse. “A incerteza, que afasta investimentos e a criação de empregos, não
cessará se os países apresentarem soluções conflitantes.”
Imagem: http://paisajess.com/wallpaper/Paisajes-Tristes/
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