Maputo
(Canalmoz) – Muitas crianças do sexo feminino estão a abandonar a escola, na
região de Guilundo, na província de Inhambane para formarem lar com cidadãos
moçambicanos que trabalham nas minas da vizinha África do Sul, os vulgarmente
conhecidos como “madjoni-djoni”.
Forçados
pelos pais que não resistirem às ofertas financeiras e materiais dos mineiros,
a partir dos 14 anos a maior parte das crianças já se encontram “casadas”. Na
maior parte dos casos os pais não têm condições para permitir a deslocação dos
seus filhos a escolas secundárias que regra geral ficam a quilómetros das
aldeias, e a saída que encontram é entregar as filhas aos
“madjoni-djoni”.
Aliás
é motivo de orgulho, em certas famílias, ter uma filha casada com um mineiro.
Francisco
Mazivele, um dos líderes comunitários da zona, disse que a situação é
preocupante naquela região, pois trata-se de crianças que praticamente são
forçadas a se casarem com mineiros.
Para
Francisco Mazivele há necessidade de se mobilizar os pais e encarregados de
educação para reverem a educação das filhas de modo a garantirem a continuidade
dos seus estudos e se previnam das seduções dos mineiros.
“Nós
temos feito reuniões de conselho aos pais. Mas não depende apenas dos pais. As
filhas devem colaborar para que possam conseguir atingir os seus objectivos”,
considerou Francisco Mazivele.
Faltam escolas de progressão
A
falta de Escolas secundárias de ensino geral ou mesmo de escolas de Artes e
Ofícios é apontada como a causa da estagnação de muitas raparigas. Actualmente
terminam o ensino primário e ficam sem horizontes. Não há escolas de
continuidade próximas e os pais não possuem meios para as enviar para zonas
onde as escolas existem.
De acordo com Berta Mahango, mãe, para uma
criança poder tirar um curso é preciso isolar as crianças na sede do distrito,
o que acarreta de muitos custos para proporcionar isso. “Temos crianças que
deviam estar a tirar cursos básicos, mas não há condições para tal, por isso
acabam se envolvendo com madjoni-djones”. (Arcénia Nhacuahe)
Imagem: www.oje.pt
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