Camus cresceu sob os cuidados da mãe, de origem espanhola, dos tios e do irmão mais velho Lucien. Lucien Camus, o pai, era de origem francesa, da região da Alsácia e morreu na batalha de Marne, em 1914. Albert Camus, jornalista, passando também pela carreira teatral, como autor e como diretor, passou a morar na França a partir de 1940. Foi militante da Resistência, colaborando com o jornal clandestino Combat, do qual foi redator-chefe após a ocupação nazista.
http://www.algosobre.com.br/historia/administracao-colonial.html
Sua infância foi vivida em Belcourt, bairro popular de Argel, morava na rua de Lyon, fronteira entre o bairro árabe de Marabout e o bairro francês de Belcourt, tendo ao norte os “indígenas” [1] e ao sul os outros. “Em Belcourt, na margem esquerda, mora o populacho dos franceses da Argélia, alegres, generosos, vaidosos, fanfarrões, que se entusiasmam ou se abatem muito depressa. Estarão esses neofranceses, como os chama M.O.Stott, fermentando sua superioridade sobre os indígenas? Ou um sentimento de inferioridade por serem eles, por sua vez, humilhados, colonizados, pelos funcionários vindos da França, os Francaouis, instalados em remunerações privilegiadas? Comerciantes, carroceiros, aterradores, pedreiros de Belcourt não tiram férias na França.”(TODD 1998:30)
Essa forma de estratificação social foi discutida por Kabengele Munanga, que ao analisar a colonização africana afirma que
“A sociedade colonial compreende os estrangeiros de origem metropolitana, isto é, do país colonizador, os europeus ou de raça branca não-metropolitanos e os não europeus, geralmente de origem asiática, os coloured ou homens de cor. Os grupos não desempenham o mesmo papel na colônia mas cada um deles tem preeminência sobre os autóctenes. O de origem metropolitana é o mais ativo, pois cabe a ele a função de dominar política, econômica e espiritualmente. Suas atribuições podem ser classificadas da seguinte maneira: a administração dirige a colônia segundo a política colonial; as companhias comerciais e industriais assumem a exploração da produção, afim de organizar os lucros em benefício da metrópole, processo chamado de pilhagem da sociedade dominada; por fim, as missões cristãs, encarregadas da educação dos colonizados, da conversão de suas almas e de seu encaminhamento progressivo ao universo do dominador. Os brancos não metropolitanos e os asiáticos (coloured) dedicam-se a atividades comerciais intermediárias.” (MUNANGA, 1988: 10-11)
Em Belcourt, Camus pôde conviver com os árabes e nomes como Ahmed, Fatma, lhe eram familiares. Brancos pobres e árabes não freqüentavam as casas uns dos outros, mas compartilhava-se o méchoui (carneiro assado no espeto) nas praias e também o ódio pela polícia durante os tumultos. Esses pobres temiam o desemprego e acusavam árabes, judeus, napolitanos, marselheses e outros estrangeiros de roubar-lhes trabalho. A xenofobia convive próxima à solidariedade.
Imagens. L’étranger http://images.google.pt/
Árabes: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/14/artigo117255-1.asp
A Argélia foi vítima da onda colonialista europeia, que invadiu a África no século XIX. Na foto, argelinos reunidos em um café, em 1899
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