Desumanamente algemada, transportada nestes outros navios de maremotos tormentosos. Da torpe governação que suga tudo o que é dólares para eles. E para a população o abandono. Perante o silêncio e o cinismo da democracia Ocidental. Que enviam os seus bancos para nos dizimarem. Não sabem que promovem o terrorismo dos esfomeados mundiais e mais estes locais. E contudo o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão animam-se contra o assédio deste terrorismo Ocidental.
Desprezam-me longe do luxo dos salões deles, em leilões, onde admiram, saboreiam, compram o meu ventre, os meus seios… e a exposição da minha nudez
Milhões de manos e manas lá foram sem direito a bilhete de passagem, e tantos e tantas não passaram na Passagem
Os comerciantes perante a pressão da abolição da carne para abutres e tubarões, defendem que isto afecta o seu sustento e o das suas famílias
Fiquei muito preocupada com 1880 a 1914. Obrigaram-me a assinar tratados de protecção com metralhadoras na mão. Não havia nada que não estivesse anexado. Os Brancos eram bem recebidos, retribuíam-nos com a sua poderosa metralha
Saltei da manhã e o dia viu-me. Terminou muito rápido
Durmo apenas para esquecer, ludibriar a fome que me assola
Quero que as noites acabem depressa
para conseguir viver mais um dia
De um sonho ultrajado sem final
Viver não é um sonho
é um pesadelo
uma curva sem final
na vida brutal
Não posso vender o assobio do vento
Fico como que parada, indecisa
quase como uma estatueta
de marfim
Somos multidões de estátuas estáticas
sem infinito, sem percepção do longínquo futuro
Da pensativa tristeza do pesadelo que me não abandona
De manhã desperto e outro pesadelo me espera
O pesadelo do dia a dia
das baionetas
Três condições definem o ser humano
Em pé, sentado, e deitado no eterno
Ajudei os Zulus. Derrotámos os ingleses e os Africânderes
Depois fomos vencidos, humilhados, devido aos trovões
Às tempestades das armas poderosas
Não é o armamento que ganha uma batalha, é o engenho humano
Era feliz antes deles chegarem. Estava no paraíso
não me preocupava nada com a comida
Havia-a aos pontapés. Mangas, bananas, abacaxis
lagostas, gambas, muita peixaria
Encostaram-me à parede da discriminação racial
Colaram-me um papel que me identificava
Negra sem paraíso na terra perdida
Apenas obtendo o direito autoral
de ficar calada
Os missionários enfrentavam o secular silêncio
da bondade divina. Do pouco fazer, da negação animal
irracional
Existo invisível, sem estatísticas
Sou um zero negativo
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