terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A intolerância zero e o biãngulo das Bermudas (1)


O biãngulo das Bermudas
Contabilidade, para quê…!
«Além disso, muitas dessas empresas mostram erros de contabilização que revelam a reduzida preparação técnica de quem as lidera, sentenciou o ministro, para quem, «sem contabilidade não é possível gerir». Augusto Ferreira Tomaz. Ministro dos Transportes de Angola.» In http://semanario-angolense.com/home/

É o biângulo das Bermudas e os estranhos desaparecimentos de milhões de dólares nos vértices de Luanda e Lisboa. É que no triângulo das Bermudas o que costumam desaparecer são aviões e navios. No biângulo é só dinheiro que se evapora. E tal como no triângulo tudo permanece inexplicável. Grande magia de alguns dos nossos feiticeiros? Parece como os concursos da nomenclatura. São sempre os mesmos que ganham sempre os mesmos prémios. Perante tal quantidade incontornável de acções criminosas é impossível Angola sobreviver-lhes.

Brevemente soçobrará. E quantas mais forças policiais ou congéneres, mais as coisas se complicam. Torna-se impossível o controlo e o pagamento de salários a tanta e tanta gente. E em consequência os desmandos abundam incontroláveis. Se o poder é incapaz, ineficaz de manter os sistemas da electricidade e da água a funcionarem, também será incapaz, incompetente de sanar seja o que for. A não ser apenas interesses pessoais como é prática. É por isso que funciona como um governo de grupos familiares. E isto constata-se facilmente nas leis exaradas que não funcionam. São apenas para casebre ver.

Há bancos a mais, não funcionais. Tal e qual como os ministérios com ministros e vice-ministros a mais. É tudo megalómano. Depois quando se dá por ela o dinheiro não chega. Aí temos outro Dubai. As estruturas de betão estão abaladas.
Mais um revolucionário, glorioso apagão marxista-leninista das 08.00 às 17.00 horas. E injustificam-se como se só eles existissem. Nunca ninguém chega a saber porque os cortes sistemáticos (anunciam a queda do regime?) acontecem. Aqui não há povo. Apenas um só povo e um só palácio que tartamudeia como a luz.

O carro cheio de polícias parou. Lestos alguns saltaram e não se preocuparam com a única coisa honesta que existe em Luanda: os vendedores honestos das ruas. Espoliaram todos os óculos de uma quase criança. Tinha aí doze ou catorze anos. E carregaram-nos, ele e dezenas de óculos. A explicação porque só roubaram os óculos da criança? Para estarem devidamente equipados no CAN2010.

Ontem pelas 17.00 horas vejo uma jovem zungueira na rua com apenas duas vassouras para vender. Há algo de muito errado porque ela quase não consegue manter-se em pé. Deve ter aí uns vinte anos. Chamo a Lwena para garantir que não estou errado. E num lamento estuporado exclamo:
- Lwena, olha… assim quer dizer que ela está completamente na miséria!
- Sim… é!.. deve estar com fome… acho que é por falta de comida.

Hoje pelas 11.00 horas da manhã outra zungueira está com uma pequena banheira com umas parcas coisas para vender. Senta-se, mas pouco depois não suporta a posição, deita-se e dorme. É a fome que a desfaleceu. Um segurança acorda-a e impede-a de dormir. Ela fica especada como uma vítima de um campo de concentração nazi antes de ir para a câmara de gás. Dir-se-ia que escapou do gás mas perecerá no campo de concentração de Luanda.
O governo das trevas encetou o plano final da exterminação do povo angolano.

Imagem: FOLHA 8

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