quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Epopeia das Trevas (76). Estes descolonizadores começaram e ainda não se acabaram



Aos que faleceram com as guerras e levaram
guardaram
escondem os seus silêncios nas sepulturas

Fiz muitas promessas no cume do Quilimanjaro
olhei para muito longe e confundi-me
Cercada pela savana perdida de verde
apenas restava o halo
das ditaduras
como um astro sem brilho
Muito longe, muito longe
das promessas que me fizeram
Que tudo seria maravilhoso
Mas tudo continua muito longe do alto do monte
Das promessas teimosas não acontecidas
Vejo vultos e imagens sem corpo
que não sonhei. Continuo muito longe do teatral perto

Viajo muito na recém opulência das negreiras cavernas das naus
Ouvia o comovente embalar salgado da água agitada
agora estou na escuridão da terra
até ela me voltam a espoliar
no regresso da expiação
dos crimes da governação

Não construímos, destruímos nações
Prometemos, ficamos, africamos, daí não passamos
Gloriosamente apreciamos o extinguir da chama
Libertadora, opressora que ateámos, e não sabemos mais
não podemos controlá-la
Apreciamos a luxúria do automóvel brilhante
do fato e gravata ocidental. Fazemos muitos internos discursos
e a Nação avança com ténues palavras perdidas
No vento desolador, nos incomensuráveis desígnios pessoais
do chefe africano
Povo é uma só pessoa. Povo, objecto de uso, de âmbito pessoal.

Desconhecidos pelos colonizadores que hoje
subtilmente são nossos grandes amigos
Nos anos da espera que são sempre muitos
que Deus deseja primeiro e nós esperamos
Ele promete Ramos balsâmicos do eucaliptal
na cafreal terra outrora mapeada
Da amizade não retribuída é difícil voltar atrás
Como são difíceis e complicados estes dias

Nos mercados compra-se, vende-se miséria
Para viver e sofrer, edifico a minha prostituição
a vida fácil, da difícil existência.
Corpos nus, no relento ambiental. Tudo o que é matéria tem limites

Tempestades ventosas

Obrigam-me a fazer muitos filhos, na esperança inglória
que algum chegue a presidente, ou ministro
Não consigo reverter a minha mente colonizada
perdida. Perdi a minha identidade cultural
Sorrio a minha angústia na companhia feérica dos esgotos
Até as praias me roubaram, a África privatizaram

Estes descolonizadores começaram e ainda não se acabaram

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