«Uma mulher reclamava ousadamente contra as condições de vida no seu bairro algures na Samba, como se fossem animais; outra dizia que estava a viver com as crianças na rua desde que as autoridades lhes tinham partido as habitações. Nós também temos o direito de viver como eles lá na cidade – ripostavam.
A cidade que os pobres reclamam é aquela onde se vive melhor, não há dúvida! Mas está longe de ser o ideal. Prédios surgem anarquicamente em zonas residenciais, mas não se vê investimento do governo na construção de parques automóveis, o que torna as ruas locais de estacionamento permanente e caotiza o trânsito. As ruas estão a ficar mais quentes, a atmosfera está abafada, o ar pouco circula.
Antigamente depois de uma chuvada a atmosfera ficava mais amena, agora não. Vivemos num buraco quente onde o ar circula e a vida perde qualidade todos os dias, as pessoas ficam exaustas, estressadas e agressivas.
Aqui, onde me encontro por uns dias, a sociedade portuguesa debate, propõe, critica a acção do governo sobre as prioridades das obras públicas, apontando o que é melhor para o país neste momento. Entre nós, meia dúzia de cabeças, quantas delas mal arrumadas e deficientemente concebidas, pensam por milhões. Não pode dar certo!!!»
Ana Faria, em Luanda a Caminho de Lisboa, no semanário AGORA
Foto do TOM, Luanda, semanário AGORA
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