segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Epopeia das Trevas (3)


Introdução


Estamos libertando a pátria, construindo o socialismo com os trabalhadores. Estes espaços são agora do povo, nós os libertamos do capitalismo, são espaços para a criação da nova pátria. Hugo Chávez.

Na segunda guerra mundial num campo de concentração nazi, momentos antes do envio para a câmara de gás, um rabi eleva as mãos ao céu e clama, convicto:
- Ó Deus mostra-lhes o teu poder!
Mas nada acontece. Desanimado, entoa convincente:
- Ah… Deus não existe!

Cada momento ultrapassado tudo se complica. Estão tudo e todos abandalhados, estamos desprezados. Isto não está nada bom, não. Pressente-se o temor que de um momento para o outro o vulcão vai explodir. Isto está insustentável e polícia e exército serão insuficientes. Estamos tolamente, totalmente desgovernados, encalhados no mar desumano, tão desproporcional, tão tormentoso.

Os urros metálicos nocturnos que apunhalam o nosso sono de já quase moribundos. Esses sons titanicados, azedos de coloniais, escravos das construções dos prédios desviados do petróleo deles e só para eles. Até as noites corromperam, nos roubaram. São os vampiros das noites em mais um campo de concentração. Nesta Luanda, nesta Angola, nesta África negra sem futuro. Sempre com os dedos calejados de tanto carregarem nos gatilhos das armas enferrujadas que nos apreendem, nos surpreendem, nos prendem sem culpa formada, nos matam a esmo. Está tudo tão podre, incompetente, irresponsável e tão selvaticamente implantado. Governam eternamente nos palácios da miséria. Caramba! Corrupção agigantada, não contabilizada, que até da noite fazem nascer selvas.

«A falta de transparência manter-se-á com a resistência em organizar legalmente os técnicos de contas nacionais e das empresas nacionais de auditoria poderem fazer auditoria às grandes empresas nacionais. Projecta igualmente o Governo estar impune à falta de cumprimento do regime de prestação de contas estabelecido, de acordo com a Lei do OGE.»
FPD Frente para a Democracia de Angola OGE 2005

É que esta nau abortou num porto tão lodaçal, que faz muito bem lembrar por analogia, a actual irmandade de Portugal. Que deram-se as mãos ao bananal do subdesenvolvimento e os dois governos pantanosos cheiram a podre de muito longe.

E das ruínas dos imponentes prédios coloniais saem contínuos jactos de águas baldeadas, imundas do primeiro até ao sexto andar. O chapinhar é intenso mas tudo e todos permanecem impassíveis, impossíveis no sabor da mais pura selvajaria. É a palavra de ordem silenciosa. Destruir tudo o que resta é preciso. O nosso mestre, Poder Popular, assim nos doutorou e desunidos perderemos.

Tamanha miséria moral e material para atacar. Mas não… espalhar estádios de futebois com o dinheiro que resta do fundo a afundar-se. Apenas para manter a glória efémera dos caudilhos da praça de armas.

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