domingo, 24 de maio de 2009

O Dia Mundial do que ainda resta da África (1)


Afinal as nossas vidas não passam de miseráveis colonialismos.

O dia dos estados-falhados, dos estádios de futebol inaugurados.
O dia dos generais e das suas milícias que militam nas suas leis e ditam a existência da mais atroz escravidão.

Onde a apetência estrangeira continua a encurralar o negro sempre no mesmo desencanto encalhado, enlatado das sardinhas. Negros enjaulados, electronicamente encapsulados. Os novos Brancos que chegam são mais aterrorizadores que os anteriores. Os novos colonizadores são bestiais armadores do que resta dos navios abandonados, naufragados, enferrujados.

Uns nas caravelas, outros com piranhas e mais outros de olhos rasgados, de jade cobiçados, enfeitados. Os caraveleiros sarcásticos com o rosto pasmado de corvos grasnam: «Chegou a hora da África.» Sim! Chegou a hora da África, de Angola. As prisões massivas dos novos libertadores recomeçaram. Outro e mais outro processo dos cinquenta iniciaram. Surgem no horizonte mais e mais contestatários a pregarem a continuação da liberdade prometida, esquecida.

«Não há condições humanas nas celas. O que me preocupou não foi a minha detenção mas a situação dos detidos com quem abordei lá dentro. O jovem lavador de carros por exemplo, foi preso sem processo e outro registo parecido. Corre o risco de lá ficar no esquecimento. Há outros casos semelhantes que lá estão à semanas e meses sem registo algum.
Os presos foram muito solidários. Torciam que eu saísse para poder reportar cá fora a situação injusta a que estão submetidos. Dormem no chão seco. Não se respira em condições devido ao mau cheiro de urina. Come-se mesmo ali” finalizou a sua mensagem.» Detenção de José Gama.
Edna Van-dunem
Club-k

África das igrejas e das religiões tumultuosas, enganosas.

Polícias e exércitos são, serão um fiasco. Esqueceram-se, vitalícios donos do poder?! O poder na África é de famílias, de pais que obrigam, desabrigam os filhos à fome. E a imposição do analfabetismo é modismo é dominação. O Povo é reciclado como o lixo dos aterros sanitários. E não são as chuvas que destroem Luanda, que desfiguram a África, são as comissões das empreitadas.

África arde, tem água e alguns bombeiros mas o valor-acrescantado é ineficaz para extinguir o incêndio. África é o Fausto das chamas, sucumbe nas conferências. Sempre enchouriçada, avinhada, estigmatizada da regressão colonial.

«Quem não leva o depósito do gerador ou o próprio gerador eléctrico ao posto de venda de combustíveis do Futungo, em Luanda, não leva gasolina.»
Mesu Ma Jikuka

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