quarta-feira, 6 de maio de 2009

Breve História do Terrorismo Bancário (17)


Com tanta canalhice, tanta criminalidade democrática, salta à vista que não é por acaso que no Iraque, Paquistão e Afeganistão a oposição radical islamita avança, ganha terreno, vença a contenda. Porque o terrorismo bancário continua impune a destruir a civilização ocidental.


«Os riscos de crise global e sistêmica gerados pelo modo atual de organização e operação da economia são compostos. Noutro espaço, elaborei algo sobre eles: (1) risco de colapso do sistema financeiro global; (2) o risco de uma explosão social de escala continental ou mesmo planetária; (3) risco de conflitos bélicos ampliados, com forte potencial de eclosão nuclear e de alcançarem, em algum momento não previsível, o âmbito mundial; (4) risco de crise ecológica em grande escala, sobretudo pela via do aquecimento global, dada a falta de vontade dos poderosos de tomar medidas radicais para reduzir e mitigar em tempo hábil os diversas consequências que se tornam causas de mais aquecimento: as emissões de gases-estufa, a queima das florestas tropicais, o aumento da temperatura da atmosfera, o degelo das calotas, o aumento do nível e da temperatura dos mares. Qualquer um destes riscos pode gerar um desastre de escala planetária; e a simultaneidade de sua eclosão pode ser catastrófica para existência da espécie humana na Terra.

A crise financeira chegou e, como indicamos acima, tem vocação global e sistêmica. Os riscos da crise financeira para a economia real incluem o de estagflação (estagnação da produção combinada com demissões maciças e preços altos devido aos custos financeiros), deflação (queda continuada dos preços, causada pela sobreprodução, pelos estoques em excesso, imobilizados pelo colapso dos mercados resultante de uma aguda perda do poder aquisitivo da população e da moeda nacional) e até depressão. É quando a crise financeira vira crise econômica e social dramática – não há investimento, a demanda entra em colapso, não há produção, desaparecem os empregos e o poder de compra, os produtos básicos se tornam raros e caros. O empobrecimento se torna endêmico e o risco de caos social fica iminente. A estes, devemos acrescentar os riscos ligados à tendência de crescimento exponencial do aquecimento global.

Aí o rei fica nu: o capitalismo revela sua natureza caótica e o risco de as elites apelarem para uma guerra se torna iminente. A guerra tem dois efeitos fulminantes: reativa a economia pela produção e comércio de armamentos, envolvendo uma complexa cadeia produtiva voltada para a morte; e distrai a população da crise sistêmica e da pressão por uma transformação socioeconômica profunda e radical. O capitalismo é um sistema entrópico, que tende à redução de tudo e todos a mercadoria, e à uma exacerbação do uso das energias sem preocupar-se com sua reposição, ou com a resiliência dos sistemas que comanda – do econômico e financeiro ao ecológico. No seu espaço-tempo histórico, cada agente é induzido a disputar contra os outros uma corrida desenfreada atrás da cenoura da felicidade para si próprio à exclusão dos outros. Mas a cenoura está presa à ponta da vara das riquezas materiais, que cada um traz amarrada no dorso. Resulta daí a tendência inevitável do sistema do capital mundial à dissipação da energia e ao caos.

Mas outro cenário faz parte do nosso complexo campo de probabilidades. Cabe aos que percebem essas tendências, e desejam evitar uma debacle civilizatória generalizada, agregar consciência e vontade em teias de relações não hierárquicas, conectadas pelas sinapses da ajuda mútua, do afeto e do acolhimento do Outro como diverso e complementar a mim. O fim desta etapa da História pode ser a aurora de um novo tempo, um tempo em que a Noosfera transcende a era crematística que a encadeava aos tesouros materiais. Um tempo que abrigue o respeito à vida, à sua diversidade e ao seu movimento em sentido ascendente do sempre mais complexo e espiritual. Um tempo de sintonia da humanidade com os ciclos naturais e com os misteriosos ritmos do Universo.»

In Marcos Arruda. Economista e educador do PACS – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Rio de Janeiro), da Rede Jubileu Sul Brasil, co-animador de ALOE – Aliança por uma Economia Responsável, Plural e Solidária, e sócio do Instituto Transnacional (Amsterdam). Ladislau Dowbor

Foto: http://www.elmundo.es/albumes/2009/02/09/sombra_reivindicada/index.html





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