Reino Jingola também muito conhecido por reino das Conferências.
Vim ao mundo no reino Jingola, mais um quilombo de concentração de renda… e claro algures no Golfo da Guiné. Convivo com o cinismo e a hipocrisia que ultrapassam o Monte Kilimanjaro. Não consigo distinguir se é um reino, uma república, ou um principado. Também ninguém sabe o que é, ou o que vai ser. Actualmente é uma ilha cercada de fortificações por todos os lados. Tem petróleo, diamantes, uma rádio, uma televisão, e um jornal. E a aspereza da nobreza é vitalícia.
É-me extremamente difícil andar constantemente sob os aguçados, apontados fios dos canos das armas sempre apontadas e que ao menor estrilo… pum! bum! catrapum!
Dum lado fome, do outro miséria. Por cima estado de sítio, por baixo repressão. Atrás polícia, à frente prisão. É árduo, dizem os tiranos, é o caminho da desolação. *
*(alusão à obra de W.S. Maugham, O Fio da Navalha. N.A.)
Sinceramente… não entendo! Primeiro os portugueses, depois os russos, cubanos e mais os do Leste europeu comunista. A seguir alguns negros conluiados outra vez com os portugueses, brasileiros e chineses.
Os portugueses e alguns negros arrastam-me outra vez para o pau, apanhar tautau. Amarraram-me as mãos outra vez, desnudaram-me na cintura outra vez. Outra vez com o chicote batem-me nas costas, parece serpente, e esticaram-na de língua afiada. O neocolonizador lança-a com força, outra vez, como se fosse um dardo. As minhas costas já têm o calejar de tanto apanhar. Evito com dificuldade que não me bata nos seios, porque receio ficar feia. Porque depois o meu príncipe não me vai namorar, bolinar, vai-me abandonar e dirá: os teus seios, os colonos te roubaram… então volta para eles…. Não te quero!
Depois das primeiras chicotadas já não sinto dor. Desvio o pensamento para o mais profundo da minha floresta, e lá está o rio da minha meninice. Vejo-me nele a pescar, e depois peixe para secar. E encanto-me com o meu canto: o que parece um pássaro xirico desencanta-me, apoquenta-me.
Estou super cansada, à espera do momento eterno. Sentada, instalada no meu voltaire. A noite olha-me de soslaio, convicta da minha vã magnificência. Só as noites são magníficas, eternas, nós somos apenas seus efémeros convidados.
Porque é que o nosso cérebro se sente feliz quando “ouve” música?
Falta serenidade neste mundo amaldiçoado, e sempre por alguns ameaçado. A História ensina-nos a mesmice. Desentendo porque nos deixamos por eles dominar, escravizar. Se são sempre os mesmos, e já o sabemos, porque aceitamos a sua eterna condenação de nos matarem à fome? É porque gostamos de viver na eterna violência das revoluções. Gostamos de pegar, lutar com armas para matar, fazer infindáveis revoluções por causa da fome. Acabamos uma revolução… e damo-nos outra vez conta, que os nossos dentes não têm nada para mastigar. Somos os eternos idiotas da História.
Imagem: Angola em fotos
Vim ao mundo no reino Jingola, mais um quilombo de concentração de renda… e claro algures no Golfo da Guiné. Convivo com o cinismo e a hipocrisia que ultrapassam o Monte Kilimanjaro. Não consigo distinguir se é um reino, uma república, ou um principado. Também ninguém sabe o que é, ou o que vai ser. Actualmente é uma ilha cercada de fortificações por todos os lados. Tem petróleo, diamantes, uma rádio, uma televisão, e um jornal. E a aspereza da nobreza é vitalícia.
É-me extremamente difícil andar constantemente sob os aguçados, apontados fios dos canos das armas sempre apontadas e que ao menor estrilo… pum! bum! catrapum!
Dum lado fome, do outro miséria. Por cima estado de sítio, por baixo repressão. Atrás polícia, à frente prisão. É árduo, dizem os tiranos, é o caminho da desolação. *
*(alusão à obra de W.S. Maugham, O Fio da Navalha. N.A.)
Sinceramente… não entendo! Primeiro os portugueses, depois os russos, cubanos e mais os do Leste europeu comunista. A seguir alguns negros conluiados outra vez com os portugueses, brasileiros e chineses.
Os portugueses e alguns negros arrastam-me outra vez para o pau, apanhar tautau. Amarraram-me as mãos outra vez, desnudaram-me na cintura outra vez. Outra vez com o chicote batem-me nas costas, parece serpente, e esticaram-na de língua afiada. O neocolonizador lança-a com força, outra vez, como se fosse um dardo. As minhas costas já têm o calejar de tanto apanhar. Evito com dificuldade que não me bata nos seios, porque receio ficar feia. Porque depois o meu príncipe não me vai namorar, bolinar, vai-me abandonar e dirá: os teus seios, os colonos te roubaram… então volta para eles…. Não te quero!
Depois das primeiras chicotadas já não sinto dor. Desvio o pensamento para o mais profundo da minha floresta, e lá está o rio da minha meninice. Vejo-me nele a pescar, e depois peixe para secar. E encanto-me com o meu canto: o que parece um pássaro xirico desencanta-me, apoquenta-me.
Estou super cansada, à espera do momento eterno. Sentada, instalada no meu voltaire. A noite olha-me de soslaio, convicta da minha vã magnificência. Só as noites são magníficas, eternas, nós somos apenas seus efémeros convidados.
Porque é que o nosso cérebro se sente feliz quando “ouve” música?
Falta serenidade neste mundo amaldiçoado, e sempre por alguns ameaçado. A História ensina-nos a mesmice. Desentendo porque nos deixamos por eles dominar, escravizar. Se são sempre os mesmos, e já o sabemos, porque aceitamos a sua eterna condenação de nos matarem à fome? É porque gostamos de viver na eterna violência das revoluções. Gostamos de pegar, lutar com armas para matar, fazer infindáveis revoluções por causa da fome. Acabamos uma revolução… e damo-nos outra vez conta, que os nossos dentes não têm nada para mastigar. Somos os eternos idiotas da História.
Imagem: Angola em fotos
Sem comentários:
Enviar um comentário