Um cristão não se deve calar perante as arbitrariedades, a corrupção e os abusos de poder.
ANGOLENSE
Depois de tudo preparado, e momentos antes da realização do encontro, “alguém” interveio, dizendo que a actividade não deveria ter lugar. Primeiro, porque iriam aparecer, durante o encontro, cidadãos com camisolas da UNITA; depois, havia a presença no grupo de prelectores, de uma pessoa que não conviria aparecer
Há forças políticas que, depois da conquista do poder político, obtida através de eleições livres e justas, instauram ou procuram instaurar regimes totalitários. Fazem-no, invocando a legitimidade adquirida nas urnas. Adolfo Hitler conquistou o poder na Alemanha dos anos 30 do século passado, sufragado pelo voto popular. Nos nossos dias, alguns regimes políticos, recentemente instalados pelo mundo fora, estão a ganhar contornos totalitários, apesar de terem surgido, na base de eleições consideradas “geralmente” livres e justas.
O risco de regressão democrática é sempre uma possibilidade, em qualquer país. Em certos momentos, é uma probabilidade. Esta é a razão que me leva a estar preocupado com o regresso da tentação totalitária no nosso País. A vinda do Papa Bento XVI foi um bálsamo para o nosso Povo. O Santo Padre retomou, nas suas intervenções, os discursos proferidos nos Camarões, dizendo-nos que um cristão não se deve calar perante as arbitrariedades, a corrupção e os abusos de poder.
Não se calou, nem nos apelou ao silêncio. Fez como Jesus Cristo, que usou o verbo, que utilizou a palavra, para nos dizer que a nossa redenção, a nossa salvação, começa pelo Verbo, pela Palavra.»
Vicente Pinto de Andrade é professor universitário e candidato presidencial nas eleições de Angola.
In Angolense nº 525 de 28 de Março a 04 de Abril de 2009
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