sábado, 9 de maio de 2009

Breve História do Terrorismo Bancário (18)


Esta é a avaliação feita por Joseph Stiglitz para as causas da actual crise e para a qual não vê um fim optimista no curto prazo: “Estamos possivelmente a experimentar o fim de um período de queda livre nas economias ao qual se seguirá um período de recessão profunda”, afirmou hoje o Nobel da Economia, classificando este como o cenário optimista.

O economista defende que serão precisos mais investimento público, mais medidas de apoio ao mercado hipotecário e que a Administração (Obama) deveria deixar cair os bancos em vez de canalizar para lá a maior parte dos recursos orçamentais.

Diário Económico

 

II - ALTERNATIVAS

 

A

A riqueza irreal que invadiu o planeta como um tsunami está destinada, por bem ou por mal, a desaparecer. Nem o conjunto dos fundos públicos do mundo poderia salvá-la, nem estes cobririam os prejuízos dos especuladores. Se as autoridades tentarem isto, vão inundar o mundo com outro tsumani de riqueza irreal, fechando um círculo vicioso irracional e catastrófico. As autoridades que se reuniram no Grupo dos 20 em São Paulo, e depois em Washington D.C., em novembro, tomaram decisões que apenas arranham a superfície do problema. Ocorreu um entendimento entre neoliberais e partidários de “um novo capitalismo” com presença maior do Estado. Para os primeiros, a presença do Estado vale para o período do saneamento das finanças nacionais e globais e depois ele deve de novo se retirar para que os ganhos sejam privatizados. Entre os dois momentos, socializa-se os custos. E volta-se depois ao “normal”. Para os outros, o Estado deve permanecer, com suas regulações, sua fiscalização e seu papel de redistribuidor do excedente produzido pela sociedade. Mas cada Estado que aja por si, sem que uma organicidade os articule e sem que o cumprimento das regras que venham a disciplinar os fluxos financeiros seja obrigatório.[1]

A promessa de detalherem as medidas de saneamento nos próximos seis meses não consola: a crise vai continuar corroendo as estruturas e todos sabemos que, se as medidas não forem radicais e urgentes, o sistema financeiro mundial tenderá à combustão espontânea em alguns meses ou uns poucos anos mais, com terríveis consequências para a economia real, e, em particular, para as classes trabalhadoras e os setores excluídos.

 

As medidas a adotar são de curto, médio e longo prazo. Dependem do objetivo estratégico dos seus autores. Há três tipos de promotores de soluções para a crise. Primeiro, os que ficam na superfície dos sintomas e propõem reformas pontuais (ad-hoc) “para que logo as coisas voltem ao normal”. Sua premissa é que o “normal” é bom para todos. Para estes bastam as intervenções passageiras do Estado, transferindo dinheiro público para os bancos e empresas em risco de falência, resgatando assim sua capacidade de oferecer crédito e de aumentar o PIB a curto prazo. Seu horizonte parece limitar-se a aliviar os impactos da crise financeira e estimular a demanda interna dos países por meio de medidas fiscais. Segundo, os social-democratas de várias tendências que, ecoando Keynes, preconizam uma economia controlada pelo Estado, pelo menos enquanto a crise durar. Falam de colocar as finanças a serviço dos negócios e dos cidadãos. E planejam a ‘refundação global do capitalismo’ mediante uma completa reforma do sistema financeiro (Nicolas Sarkozy, em O Globo, 16/10/08, Rio de Janeiro). Enfim, há os que visualizam um movimento conceitual no sentido de um desenvolvimento integral do ser humano – pessoa e sociedade. Suas qualificações: endógeno, soberano, solidário e sustentável, que implique um planejamento global da economia partindo das comunidades e retornando a elas com recursos complementares e investimentos em nível regional e nacional para a apoiar e potencializar a realização do desenvolvimento local de forma plural, concertada e harmônica. Para este desenvolvimento uma nova arquitetura financeira, que integre o local com o nacional, o continental e o global, e resignifique neste contexto o papel da ONU como entidade potencialmente efetiva de governança global, se faz necessária e urgente. É nesta perspectiva que avançamos as seguintes propostas:

 

In Marcos Arruda. Economista e educador do PACS – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Rio de Janeiro), da Rede Jubileu Sul Brasil, co-animador de ALOE – Aliança por uma Economia Responsável, Plural e Solidária, e sócio do Instituto Transnacional (Amsterdam). Ladislau Dowbor

 

Foto: http://www.elmundo.es/albumes/2009/02/09/sombra_reivindicada/index.html

 


[1] Declaração do G-20, publicada a partir de sua reunião de 15/11/08 em Washington D.C. (www.oglobo.com.br/economia)

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