Uma das questões que mais problemas ocasionaram ao rei David foi a sucessão. Por uma parte estava a casa de Saúl.
CARLOS IVORRA
Agora que os tempos eram bons, era fácil que surgissem correntes nacionalistas israelitas (anti-judias) que reclamaram um rei israelita. Debaixo de um ou outro pretexto, David fixou-se-lhes para executar todos os descendentes de Saúl que pudessem reclamar o direito de sucessão. Só restava um filho aleijado, incapacitado para reinar, pelo que David acolheu-o na sua casa, como mostra de boa vontade para a casa de Saúl. Mais problemas lhe ocasionaram os seus próprios filhos. Era costume entre os monarcas orientais dispor de um harém tão numeroso como fosse possível. Isto dava uma imagem de magnificência tanto aos súbditos como aos estrangeiros. Una forma de selar uma aliança com outro povo era incorporar ao harém uma das suas princesas. Era toda uma honra. O problema era que as distintas mulheres rivalizavam entre si, e todas tratavam de que os seus filhos gozassem de maiores privilégios frente às das demais. Particularmente delicada era a questão de qual deles herdaria o trono. Era frequente que quando o rei morria, um dos filhos matasse os seus irmãos, dirimindo assim toda a disputa pela sucessão. Sem dúvida, uma jogada inteligente podia ser matar por sua vez o rei e os irmãos, enquanto estes estavam desprevenidos esperando a morte do seu pai.
A monarquia de Israel era jovem, mas caiu em todos estes tópicos. O filho favorito de David era Absalão, a quem foi gradualmente ganhando partidários até que em 970 reuniu um exército contra o do seu pai e marchou contra Jerusalém. David foi colhido de surpresa, mas seguia sendo um bom estratega. Em lugar de resistir a um assédio na capital (seria humilhante) logrou escapulir-se, fugiu para o outro lado do Jordão, organizou todas as tropas leais de que podia dispor e voltou a Jerusalém, onde não teve dificuldade em afastar o seu inexperiente filho. David ordenou capturá-lo vivo, mas Joab considerou mais prudente matá-lo.
A crise alentou os israelitas descontentes com um rei judio. Um benjaminita chamado Seba encabeçou um levantamento que David sufocou com relativa facilidade. Ainda que o rei demonstrou pela segunda vez ter as rédeas bem apertadas, o certo é que estas rebeliões mostravam que o seu governo não estava tão firme como ele pretendia.
Entretanto morreu Abibaal, o rei de Tiro. Em 969 foi sucedido por Hiram, que seguiu impulsionando a expansão dos fenícios pelo Mediterrâneo. Parece que foi por esta época quando os fenícios aprenderam a orientarem-se em mar aberto mediante as estrelas, o que facilitou as grandes expedições a terras longínquas.
Voltando a Israel e ao rei David, em 961 estava já próximo da morte e as tensões da sucessão eram maiores que nunca. Ao que parece, David designou como herdeiro a Adonias, seu filho maior depois da morte de Absalão. Adonias contava com o apoio de Joab, o chefe do exército e com o de Abimelec, o sacerdote. Sem dúvida, a esposa favorita de David era Betsabé, a qual gozava de certa influência, a necessária para intrigar a favor do seu filho Salomão. Ganhou o apoio do general Banaías, que sem dúvida viu a possibilidade de substituir a Joab, e do sacerdote Sadoc, que viu a possibilidade de substituir a Abimelec.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Star_of_David.svg
CARLOS IVORRA
Agora que os tempos eram bons, era fácil que surgissem correntes nacionalistas israelitas (anti-judias) que reclamaram um rei israelita. Debaixo de um ou outro pretexto, David fixou-se-lhes para executar todos os descendentes de Saúl que pudessem reclamar o direito de sucessão. Só restava um filho aleijado, incapacitado para reinar, pelo que David acolheu-o na sua casa, como mostra de boa vontade para a casa de Saúl. Mais problemas lhe ocasionaram os seus próprios filhos. Era costume entre os monarcas orientais dispor de um harém tão numeroso como fosse possível. Isto dava uma imagem de magnificência tanto aos súbditos como aos estrangeiros. Una forma de selar uma aliança com outro povo era incorporar ao harém uma das suas princesas. Era toda uma honra. O problema era que as distintas mulheres rivalizavam entre si, e todas tratavam de que os seus filhos gozassem de maiores privilégios frente às das demais. Particularmente delicada era a questão de qual deles herdaria o trono. Era frequente que quando o rei morria, um dos filhos matasse os seus irmãos, dirimindo assim toda a disputa pela sucessão. Sem dúvida, uma jogada inteligente podia ser matar por sua vez o rei e os irmãos, enquanto estes estavam desprevenidos esperando a morte do seu pai.
A monarquia de Israel era jovem, mas caiu em todos estes tópicos. O filho favorito de David era Absalão, a quem foi gradualmente ganhando partidários até que em 970 reuniu um exército contra o do seu pai e marchou contra Jerusalém. David foi colhido de surpresa, mas seguia sendo um bom estratega. Em lugar de resistir a um assédio na capital (seria humilhante) logrou escapulir-se, fugiu para o outro lado do Jordão, organizou todas as tropas leais de que podia dispor e voltou a Jerusalém, onde não teve dificuldade em afastar o seu inexperiente filho. David ordenou capturá-lo vivo, mas Joab considerou mais prudente matá-lo.
A crise alentou os israelitas descontentes com um rei judio. Um benjaminita chamado Seba encabeçou um levantamento que David sufocou com relativa facilidade. Ainda que o rei demonstrou pela segunda vez ter as rédeas bem apertadas, o certo é que estas rebeliões mostravam que o seu governo não estava tão firme como ele pretendia.
Entretanto morreu Abibaal, o rei de Tiro. Em 969 foi sucedido por Hiram, que seguiu impulsionando a expansão dos fenícios pelo Mediterrâneo. Parece que foi por esta época quando os fenícios aprenderam a orientarem-se em mar aberto mediante as estrelas, o que facilitou as grandes expedições a terras longínquas.
Voltando a Israel e ao rei David, em 961 estava já próximo da morte e as tensões da sucessão eram maiores que nunca. Ao que parece, David designou como herdeiro a Adonias, seu filho maior depois da morte de Absalão. Adonias contava com o apoio de Joab, o chefe do exército e com o de Abimelec, o sacerdote. Sem dúvida, a esposa favorita de David era Betsabé, a qual gozava de certa influência, a necessária para intrigar a favor do seu filho Salomão. Ganhou o apoio do general Banaías, que sem dúvida viu a possibilidade de substituir a Joab, e do sacerdote Sadoc, que viu a possibilidade de substituir a Abimelec.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Star_of_David.svg
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