segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Dia Mundial do que ainda resta da África (2)


Chouriço, vinho, futebol e currais para os porcos, corpos negros. África está num curto-circuito sem electricista. África das Luandas onde os generais ordenam às suas milícias atirarem a matar. África reinicia o novo ciclo berlinense. África dos degredados e da importação do lixo humano e demais produtos expirados, adulterados. África, onde as únicas coisas que funcionam são os gatilhos das armas ao desbarato.

«Muitos desempregados que laboravam em empresas quer do distrito de Braga, quer no distrito de Viana do Castelo também estão a tentar a sua sorte em Angola. “Até agora a grande maioria destes trabalhadores ia já com contratos, ligados às grandes empresas. Neste momento vão à sorte para procurar o seu próprio emprego».
http://www.correiodominho.com/

A África é como um navio fantasma, apenas se nota o seu pairar nas vagas da ilusão. A África é ainda… qualquer um é general. A África é um amontoado de generais com as suas milícias desorganizadas, treinadas para Pum! Pum! Bum! Bum!

Luanda é outra África onde reinam motas com escapes livres que disparam tiros e descontruções nocturnas de prédios. Isto é Luanda, um estado-falhado porque ninguém consegue dormir. E ninguém consegue um verdadeiro livro para ler. Luanda não conseguirá subverter os movimentos contestatários emergentes.

E muito dinheiro a risco nunca trás soluções, só problemas.
Oh! Agora são alguns negros com o português desta outra vez.
Quando as cabeças não funcionam, as disfunções governamentais estão presentes e a instabilidade social, total, também.

E o barulho que os autocarros chineses fazem ao desfeitearem nas ruas, parece um terramoto. Barulheira infernal… os prédios não vão aguentar, vão desabar, as ruas ibidem. Mas em África é tudo vitalício, incluindo as guerras até à exaustão e extinção. E as igrejas desfazem o homem negro, reduzem-no a restos humanos confusos. As igrejas e as suas religiões destroem a África.

Fizeram deus, essa invenção diabólica. As igrejas e os seus deuses enriquecem-se na pobreza cada vez mais negra. E quanta mais miséria, mais a igreja é galdéria. Na África há muitas feiras de armas, de livros… nenhuma. Há também muitas feiras de esfomeados e de escravos ainda colonizados.

«Sobre haver doutoramentos, vou citar um caso que me foi relatado por um colega (o Dr. Víctor Kajibanga) e que está até escrito numa revista de sociologia. Quando surgiu a ideia de criação do primeiro curso de Sociologia em Angola, quem se opôs foram (ao contrário do que se possa imaginar) sociólogos. Porquê? Por temerem concorrência. Só os incompetentes receiam que os seus estudantes os possam superar.»
In Paulo de Carvalho, sociólogo, em entrevista ao semanário O PAÍS

África tem muitas escolas e universidades nos campos de concentração. África é um jardim zoológico onde turistas observam a fauna humana a extinguir-se, a esvair-se. África, onde o melhor meio de transporte de bagagens continua a ser as cabeças das mulheres apátridas. Já não existe África, apenas coisas disformes com aparência humana.

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