A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é
acusada por um ex-pastor de se dedicar a actividades delituosas. Numa
entrevista ao "Expresso", João Coelho acusa a confissão de estar
envolvida na falsificação de moeda, lavagem de dinheiro e tráfico de armas e de
estupefacientes.
http://www.oocities.org/realidadebr/rn/iurd/iurd070101.htm
O PÚBLICO tentou durante a tarde de ontem
obter uma reacção da IURD sobre estas declarações, mas os seus responsáveis
remeteram-se ao silêncio. Anunciaram contudo que amanhã se pronunciarão sobre
aquelas graves acusações, divulgadas ontem, após um longo período em que a
Igreja do Reino de Deus esteve ausente das manchetes da comunicação social.
As acusações do pastor dissidente suscitaram
uma reacção de Vítor Melícias, que foi questionado pela agência Lusa, no final
da cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da União das
Misericórdias Portuguesas. "Este tipo de actividades são sempre altamente
condenáveis, independentemente de quem as realiza", afirmou o sacerdote, a
propósito das acusações feitas por João Coelho, de 22 anos, que diz estar a ser
perseguido pela IURD, vivendo escondido desde o Verão passado.
Segundo Vítor Melícias, a sociedade deve, por
um lado, estar bem organizada para poder detectar este tipo de actividades e,
por outro, criar condições para que estas situações não se repitam. Sobre o
"tipo de entidade que está envolvida", Melícias escusou-se a fazer
qualquer comentário. Mas não deixou de salientar que "o mau comportamento
de pessoas não deve recair sobre as instituições, sejam elas quais forem".
O ex-pastor contou ainda ao
"Expresso" que os fiéis têm que preencher e entregar uma ficha com
todos os seus dados pessoais à IURD, desde os números do bilhete de identidade
e de contribuinte até fotografias, que a igreja utiliza depois na constituição
de cooperativas e de empresas "off-shore". "Em dois meses chegou
a fazer-se o branqueamento de mil milhões de dólares, em fatias de cem
milhões"; e "um dia propuseram-me que levasse um carro de Madrid para
o Luxemburgo. A mala levava droga", recordou João Coelho a propósito das
alegadas actividades ilícitas da Igreja Universal do Reino de Deus. João Coelho
confessou que, com um colega, chegou a roubar o cofre da instituição, nas
instalações do antigo cinema Império, em Lisboa, onde esperavam encontrar 200
mil contos, mas só descobriram 120 mil. Por baixo das notas e moedas,
acrescenta, estavam embalagens de cocaína.
João Coelho entrou para a IURD com apenas 14
anos. Doze meses depois já era pastor e daí ao mundo do crime terá sido um
pequeno passo. Depois de ter decidido deixar a igreja, afirma ter começado a
ser perseguido. O ano passado sofreu um grave acidente de moto, relativamente
ao qual está convencido ter sido provocado por membros daquela instituição. A
sua história está a ser investigada pela Direcção Central de Combate ao
Banditismo, da Polícia Judiciária.
Imagem: fjblogger.com
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