Denúncia do Ministério Público Federal aponta como
Edir Macedo e dirigentes da Igreja Universal fraudaram a Receita para comprar
rádios e TVs
André Vargas.
veja.abril.com.br
Há quinze anos, promotores tentam provar que
os bispos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), liderados por Edir
Macedo, usam as doações de fiéis para financiar, de modo fraudulento, a compra
de empresas e agigantar um conglomerado de comunicação que tem como principal
finalidade ampliar a influência religiosa e política desse ramo
evangélico.
Em 1º de setembro, o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) denunciou Edir
Macedo e três integrantes da cúpula da Iurd por formação de
quadrilha, estelionato, duas modalidades de evasão de divisas e lavagem de
dinheiro. Eles são o bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição, a diretora
financeira Alba Maria da Silva da Costa e o ex-deputado federal João Batista
Ramos da Silva, que também presidiu a Iurd no Brasil. Macedo é o líder mundial da
igreja.
A acusação do MPF veio à tona nesta
segunda-feira. Agora, a Justiça vai decidir se aceita a denúncia e abre uma
ação penal contra os integrantes da Universal. Macedo e os outros três
denunciados são acusados pelo MPF de comandar e se beneficiar da lavagem de
dinheiro arrecadado em cultos entre 1999 e 2005 – o período investigado.
"Os pregadores valem-se da fé, do desespero ou da ambição dos fiéis para
lhes venderem a ideia de que Deus e Jesus Cristo apenas olham pelos que
contribuem financeiramente com a igreja", cita o procurador da República
Silvio Luís Martins de Oliveira.
Segundo a denúncia, o dinheiro das doações
foi remetido ilegalmente do Brasil para os Estados Unidos e para o Uruguai,
onde foi parar em contas bancárias abertas por empresas sediadas em paraísos
fiscais. Criadas entre 1991 e 1992, as empresas offshore são a Investholding,
sediada nas Ilhas Cayman, no Caribe, e a Cableinvest, na ilha Jersey.
Doleiros participaram da operação por
intermédio das empresas de câmbio Diskline e IC, com escritórios em São Paulo e
no Rio de Janeiro. Eles convertiam os reais que eram arrecadados junto aos
fiéis em dólares depositados nas contas bancárias das offshores em Miami, Nova
York e Montevidéu. Depois, o dinheiro era reconvertido em moeda nacional e
aplicado na compra de veículos de comunicação no Brasil, todos registrados em
nome de bispos e pessoas ligadas à Iurd. Em junho de 2005, João Batista Ramos
da Silva foi descoberto quando tentava embarcar em um jatinho de Brasília para
São Paulo com 10 milhões de reais em espécie.
A denúncia demonstra que a Iurd declarou ao
Fisco somente uma parte do que arrecada nos cultos, apesar da a igreja ter
imunidade tributária. Entre 2003 e 2006, a Universal declarou ter recebido mais
de 5 bilhões de reais em doações. Segundo testemunhas, no entanto, o valor pode
ser bem maior. "A Iurd parece aplicar junto à Fazenda Pública uma política
que, nos moldes do que prega aos seus fiéis, também pode ser caracterizada como
'dizimista': declara à Receita apenas parte do que efetivamente arrecada",
diz o procurador na denúncia.
Empréstimos – De acordo com a investigação do MPF, depois de
passar pelas contas das offshores, o dinheiro, devidamente legalizado, era
remetido de volta ao Brasil na forma de investimentos e aquisição de cotas
societárias de empresas de fachada criadas pelo grupo. Os endereços principais
eram a Cremo e a Unimetro. A novidade desta vez, é que a investigação apurou
que os dirigentes também se beneficiavam de “empréstimos” das offshores.
Antes, a suspeita era de que apenas laranjas
e pessoas de menor expressão na hierarquia eram usadas no esquema. Mas, entre
2003 e 2006, sustenta a procuradoria, a Cremo fechou três empréstimos de quase
dez milhões de reais para Alba Maria da Silva da Costa. Só sete milhões de
reais foram registrados. Em outra operação, a Cremo adquiriu um jatinho
executivo para a Rádio Record. A investigação sugere que a Universal e as
empresas fazem parte do mesmo conglomerado.
O procurador encaminhou cópia da denúncia à
área cível da Procuradoria da República em São Paulo solicitando que seja
analisada a possibilidade de cassação da imunidade tributária da Iurd.
Defesa – A advogada Denise Provasi Vaz, do escritório Moraes
Pitombo, que representa a Iurd e o bispo e ex-deputado federal João Batista
Ramos da Silva, afirmou que a defesa ainda não teve acesso ao conteúdo da
denúncia apresentada pelo MPF-SP. Para ela, as alegações contra os clientes de
seu escritório são “ressuscitadas”. “Outras com o mesmo teor foram
apresentadas, sem sucesso, ao longo dos últimos anos”, diz. A advogada lembra
que, como há recursos pendentes para deter minar qual tribunal tem legitimidade
no caso, a denúncia do MPF pode novamente dar em nada.
Imagem: Lavagem de dinheiro, evasão e
formação de quadrilha em esquema com doleiros, paraísos fiscais e empresas de
fachada: tudo para ampliar o poder do bispo Edir Macedo (Reprodução de TV)
2 comentários:
A Justiça Divina ainda dará o castigo a esse cidadão que se acha o enviado de Deus. O mesmo sempre procura os países pobres, para fazer a lavagem celebral na sua população.
meu amigo sempre tem taro incriminar esse povo ate a poderosa globo mais ate hoje nada foi concreto cera verdade mais eu não posso jugar sem prova creio eu na justiça divina que tarda mais não falha.
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