Moco diz que a liberdade de
expressão está a ser sufocada
Luanda - Marcolino Moco manifestou-se muito preocupado em
relação ao estado da liberdade de expressão em Angola, tendo apontado o seu
próprio caso como um dos exemplos gritantes da asfixia que país está a viver no
inicio de mais um ano.
Fonte: DW
O ex-SG do MPLA e
antigo Primeiro-Ministro de Angola que falava para a Voz da Alemanha (DW), está
convencido que em 2013 a conjuntura política no país não deverá sofrer
alterações dignas de realce, que alimentem expectativas mais positivas quanto à
democratização do país. “Vamos continuar a ter as vozes diferentes sufocadas”-
denunciou Marcolino Moco.
O conhecido
militante do MPLA, que é hoje um assumido critico da liderança do Presidente
Eduardo dos Santos, destacou o seu caso como sendo paradigmático do actual
cerceamento das liberdades democráticas no país. “Eu actualmente já só falo
para vocês (de fora). Aqui em Angola, a minha voz já não é ouvida. Todos os
meios de comunicação estão completamente controlados. Passa-se o mesmo com a
oposição. Só algumas coisas controladas são divulgadas da oposição.”
Para Marcolino
Moco, “está tudo centralizado na pessoa do Presidente. É ele que manda fazer
tudo, mas depois atira as culpas para os outros”.
Questionado sobre
a receptividade das propostas constantes do seu livro “Angola, a Terceira
Alternativa”, onde o político avança com um conjunto de ideias tendo em vista a
retomada da construção de uma sociedade aberta e pacífica em Angola, Marcolino
Moco disse que continua a não haver condições para um tal debate a nível
nacional.
“Não é muito fácil
porque aqui os debates de um livro como aquele não se efetivam, não têm espaço
na comunicação social. Há toda uma série de gestos meio escondidos, mas por
vezes bastante extensivos para desestimular esse debate”.
Moco estendeu as
suas preocupações ao direito de manifestação,tendo recordado a propósito a
última iniciativa dos jovens que foi duramente reprimida pela polícia. “Ainda
há pouco tempo vivemos uma manifestação justa, pacífica, mas contra as
anormalidades do país. [As pessoas] manifestavam-se contra o desaparecimento de
dois jovens, dialogaram com as autoridades e sofreram, mais uma vez, uma forte
repressão. Passaram o Natal na cadeia. É duro, mas não é divulgado pelos meios
de comunicação nacionais e agora até estrangeiros, sobretudo de Portugal, que é
uma plataforma onde as imensas vozes que se espalhavam pelo mundo também estão
a ser compradas pela filha do Presidente [Isabel dos Santos] e pelos parentes”.
Para Moco “o que
vai acontecer é que os jovens ou vão desistir ou vão continuar, mas vão
continuar também a ser reprimidos”.
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