sábado, 12 de janeiro de 2013

“onde as imensas vozes que se espalhavam pelo mundo também estão a ser compradas pela filha do Presidente [Isabel dos Santos] e pelos parentes”.





Moco diz que a liberdade de expressão está a ser sufocada
Luanda - Marcolino Moco manifestou-se muito preocupado em relação ao estado da liberdade de expressão em Angola, tendo apontado o seu próprio caso como um dos exemplos gritantes da asfixia que país está a viver no inicio de mais um ano.

Fonte: DW

O ex-SG do MPLA e antigo Primeiro-Ministro de Angola que falava para a Voz da Alemanha (DW), está convencido que em 2013 a conjuntura política no país não deverá sofrer alterações dignas de realce, que alimentem expectativas mais positivas quanto à democratização do país. “Vamos continuar a ter as vozes diferentes sufocadas”- denunciou Marcolino Moco.
O conhecido militante do MPLA, que é hoje um assumido critico da liderança do Presidente Eduardo dos Santos, destacou o seu caso como sendo paradigmático do actual cerceamento das liberdades democráticas no país. “Eu actualmente já só falo para vocês (de fora). Aqui em Angola, a minha voz já não é ouvida. Todos os meios de comunicação estão completamente controlados. Passa-se o mesmo com a oposição. Só algumas coisas controladas são divulgadas da oposição.”
Para Marcolino Moco, “está tudo centralizado na pessoa do Presidente. É ele que manda fazer tudo, mas depois atira as culpas para os outros”.
Questionado sobre a receptividade das propostas constantes do seu livro “Angola, a Terceira Alternativa”, onde o político avança com um conjunto de ideias tendo em vista a retomada da construção de uma sociedade aberta e pacífica em Angola, Marcolino Moco disse que continua a não haver condições para um tal debate a nível nacional.
“Não é muito fácil porque aqui os debates de um livro como aquele não se efetivam, não têm espaço na comunicação social. Há toda uma série de gestos meio escondidos, mas por vezes bastante extensivos para desestimular esse debate”.
Moco estendeu as suas preocupações ao direito de manifestação,tendo recordado a propósito a última iniciativa dos jovens que foi duramente reprimida pela polícia. “Ainda há pouco tempo vivemos uma manifestação justa, pacífica, mas contra as anormalidades do país. [As pessoas] manifestavam-se contra o desaparecimento de dois jovens, dialogaram com as autoridades e sofreram, mais uma vez, uma forte repressão. Passaram o Natal na cadeia. É duro, mas não é divulgado pelos meios de comunicação nacionais e agora até estrangeiros, sobretudo de Portugal, que é uma plataforma onde as imensas vozes que se espalhavam pelo mundo também estão a ser compradas pela filha do Presidente [Isabel dos Santos] e pelos parentes”.
Para Moco “o que vai acontecer é que os jovens ou vão desistir ou vão continuar, mas vão continuar também a ser reprimidos”.

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