domingo, 21 de setembro de 2008

Democrática incerteza


Sempre com as interrupções de água e energia eléctrica. Os brancos levaram estas coisas com eles, enfeitiçaram.

Tudo o que é bandido está para ficar em Luanda. As santas alianças justificam-no, patrocínios não lhes faltam.

Ouve-se muito o barulho de partir paredes… sempre… de dia e de noite. Descansar, dormir… é sorte. É fácil de ver para onde vamos… já estamos… gladiadores nos direitos de arenas angolanas.

Votámos, optámos e voltámos ao tempo do poder popular. Quem acredita que os estrangeiros estão aqui para nos ajudar é míope. Estrangeiro que aqui chega é para roubar, pedofilar e excursionar sexual.
Socorro!!!

Pedi uns tostões emprestados sem juros
Que restaram do escrito a lápis da inconstitucional república
Bolachas, rebuçados, pastilhas elásticas, cigarros
Depois gasosa. Bebidas alcoólicas não. Bêbado se complica
Foi o que comprei, e nas mãos e cabeça carreguei
Cheguei, tive muita sorte, os gatunos estavam colaterais
Peguei numa travessa, limpei-a e nela arrumei a venda
Fiquei meia escondida na gruta de entrada do prédio

Um fausto vizinho, desses da democrática riqueza
Novos-ricos dos recém-descobertos poços petrolíferos
Se complicam muito comigo, com a minha pobreza
Que faço lixo, que é contrário à sua natureza
São muito desconfiados, medrosos, vivem na insegurança
Da venalidade, imoralidade, dependem de armado segurança
Da ilicitude dos bens arregimentados contra natura

Gil Gonçalves

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