domingo, 28 de setembro de 2008

Que algum chegue a presidente, ou ministro


Quase meio século depois em Luanda, cidade capital de Angola, onde parece que nada mudou desde a independência em 11 de Novembro de 1975. Porque são sempre as mesmas pessoas no poder.
O problema de Angola é muita gente a roubar.

Todos os anos é a mesma coisa. Uns, que devemos seguir os exemplos do Guia Imortal. Que deve ser obrigatório nas escolas. Outros, que devemos seguir o programa de Muangai. Saiam… deixem os mortos e resolvam os problemas dos vivos.
Lembro Fernando Pessoa: a maioria das pessoas só são lembradas duas vezes por ano. O dia em que nasceram e o dia em que morreram.

Nos mercados compra-se, vende-se miséria
Para viver e sofrer, edifico a minha prostituição sexual
A vida fácil, da difícil existência
Corpos nus, no relento florestal
Tudo o que é matéria tem limites

Tempestades ventosas
Tenho que fazer muitos filhos, na esperança inglória
Que algum chegue a presidente, ou ministro

Não consigo reverter a minha mente colonizada
Perdida. Perdi a minha identidade cultural
Sorrio a minha angústia na companhia feérica dos esgotos
Até as praias me roubaram, Luanda privatizaram
Os descolonizadores começaram e ainda não se acabaram

Gil Gonçalves
Imagem: http://olhares.aeiou.pt/mulheres_de_angola/foto2207576.html

Sem comentários: