quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O meu quotidiano terminou


E a partir de 30 de Setembro de 2008, uma poderosa cortina de ferro Bantu estendeu-se, corrompeu-se em Luanda. Mais quatro anos, depois mais quatro, e assim sucessivamente. De passeatas, maratonas, festas, barulheiras infernais nas casas, nas ruas, sem dias sem noites. Óptimas universidades para pós-doutoramentos.

Sentava-me amanhecida no alto da montanha
E esperava que o sol me cativasse
Em baixo as pessoas floresciam na transparência matinal
Movendo-se para a tristeza do infinito estender suplicante
Das mãos, do corpo na solução mendicante
Sem rumo, sem universo visual
Que jaz num palácio presidencial

O meu quotidiano terminou
Era um conjunto de recordações permanentes
São imperadores, reis, os nossos presidentes
De Shaka Zulu descendentes
Em pré guerra civil sempre viventes
Desesperando que o mandato messiânico arquitectado
Perdure nas gerações vindouras, perpetuado

Governar é uma arte, os idiotas acham que não
Com as cabeças de picos agrestes tão distantes
Como uma sensibilidade difícil, onde não se planteia
Dirigir é tão suave, simples
Complicam o que é fácil

Sou independente, ressalto a minha personalidade
Realizei um sonho, continuo superabundante infeliz

Gil Gonçalves

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