quarta-feira, 12 de novembro de 2008

11 de Novembro neocolonizado (I)


Anónimo
…As cooperações estão a ser-nos muito caras. Deixemos de importar mão de obra desnecessária. Ouvi há tempos que não admitiriamos mão de obra extrangeira e só o fariamos em caso de verificação da inexistencia dentro do país. Os cubanos anunciados são necessários? e o resto de pessoal chinês a varrer as estradas. Os angolanos não podem fazer para produzir riquezas?In
Angonotícias

Sem formação, o escravo liberto prossegue na independência da escravidão. À Igreja faz muito jeito que os povos permaneçam analfabetos. E se fosse possível um milagre para acabar com a Internet.

Antes da independência, era necessário formar um comando especial para proteger a cidade de Luanda durante e depois da independência. Foi um desejo de Agostinho Neto. Ele não queria que a independência de Angola fosse outro Congo. Com saques, pilhagens, etc. Fiz parte desse comando, e quando Agostinho Neto proclamava a independência de Angola, guardava-lhe as costas na zona das escolas, no 1º de Maio.

Meia-noite do dia onze de Novembro de 1975. O pessoal começa a disparar, a festejar. Os tiros começam a baixar perigosamente na direcção da tribuna de Agostinho Neto. Eu e outros camaradas perseguimos os autores dos disparos e corremos com eles. Depois foi toda a noite a vigiar a cidade, na caça a possíveis desmandos, principalmente nos bairros populares. Estava tudo calmo. O que o Povo queria era festejar, dançar. Claro que exerci outras actividades. Não vou aqui escrever um livro sobre isso. Até porque ele já está escrito. Intitula-se A Ocidente do Paraíso. Apenas aguarda editor.

Bom, isto serve de pretexto para o seguinte: conforme legislado tenho direitos de antigo combatente. Então, fiz entrega dos documentos na Direcção Principal de Quadros das FAA, Forças Armadas Angolanas, a um primeiro-sargento. Cito apenas dois documentos relevantes: Talão de recenseamento da primeira mobilização geral FAPLA, Forças Armadas de libertação de Angola, número 16593. Cartão MPLA da ODP, Organização da Defesa Popular número 417/75.

Já passou muito tempo. Acho que já atiraram os documentos para o lixo. Não deixo de ficar impressionado. E nada… só desprezo.
E andei eu feito parvo a arriscar a minha vida, para muitos ainda continuarem no poder. Confiei neles e lixaram-me bem. É que até já constou que me atiraram uma boca muito chata: «um colono quer ser antigo combatente!?» bom… com este racismo não contava. Mas tudo é previsível. Agora estão bem, com os poços de petróleo, com os diamantes, brutos carros, brutos luxos. Convencidos que nada de mal lhes acontecerá (?). Não contem comigo, muito pelo contrário.

Bom, só lhes desejo a mesma maldição que Jacques de Molay, Grão-mestre dos Templários gritou quando na fogueira da outra inquisição.

Gil Gonçalves

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