Não há guerras sem gatilhos
Encaro com mágoa imensa
Deste mundo a excepção
Até nos cães há diferença
Uns vivem bem outros não
António Aleixo
Lutar aí fora na diáspora é fácil. Com o tempo perde-se a noção da realidade. Lutar aqui dentro do dragão é heróico, é tenaz e muito difícil.
Entretanto o rei Leónidas enviou os seus trezentos espartanos para a RDC. As mochilas vão vazias de livros. Mas bem cheias de munições para o desenvolvimento sustentável dos canhões.
A guerra é a coisa mais fácil que os humanos aprendem. Bastam um dedo e um gatilho. Carregar nele, no gatilho, é fácil, carregar a mente é difícil. As guerras trabalham a tempo inteiro. De manhã, de dia e à noite.
Dizem-me que a guerra é necessária, que o homem é necessário para ela. Para que haja violência nas palavras… Guerra (!), da minha África do contrabando de armas. Como rochas afastando-se do luar antes da tempestade. Como a chama do fogão possuindo a cafeteira líquida antes da ebulição. Como o fardo pesado, na formiga leve antes da fome dos Invernos da vida. Como o sol vigoroso brincando com as folhas das árvores antes de serem queimadas. Como o homem perseguido pelo sono das madrugadas caminhando antes do sol nascer. Como a encosta deixando rolar a pedra antes do solo plano. Como o barulho do cair da chuva no fritar das batatas, antes de serem tragadas.
Quando a guerra começou… começou há milénios. Começou com os homens e acabará com eles. Não é significativo pensar que as guerras acabarão, porque os homens ainda não acabaram. Mas é significativo pensar que o amor ainda acabará com as guerras.
Esqueci que sou africana que sou uma fulana, mendiga mundana. Salvei um branco da morte, estava pronto para lhe imolarem. Pus o meu corpo à sua frente, depois cantou-me uma canção de agradecimento, para me continuar a desprezar, a neocolonizar.
E muitos segredos se perderam
Na Ocidental civilização arderam
Voltei à escravidão, sem livros na mão
Vendem-se armas a prestações a qualquer estado falhado. O fornecimento do armamento garante o exercício do poder aos exércitos. Os fabricantes incentivam a violência para o fabrico de mais armas. É por isso que nas guerras modernas se aceitam prestações. As fábricas da morte são encorajadas para a redistribuição da riqueza petrolífera e diamantífera.
Há sempre alguém que diz: as armas são necessárias para o desenvolvimento do nosso país.
Gil Gonçalves
Imagem: BBC http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_pictures/7693828.stm
Encaro com mágoa imensa
Deste mundo a excepção
Até nos cães há diferença
Uns vivem bem outros não
António Aleixo
Lutar aí fora na diáspora é fácil. Com o tempo perde-se a noção da realidade. Lutar aqui dentro do dragão é heróico, é tenaz e muito difícil.
Entretanto o rei Leónidas enviou os seus trezentos espartanos para a RDC. As mochilas vão vazias de livros. Mas bem cheias de munições para o desenvolvimento sustentável dos canhões.
A guerra é a coisa mais fácil que os humanos aprendem. Bastam um dedo e um gatilho. Carregar nele, no gatilho, é fácil, carregar a mente é difícil. As guerras trabalham a tempo inteiro. De manhã, de dia e à noite.
Dizem-me que a guerra é necessária, que o homem é necessário para ela. Para que haja violência nas palavras… Guerra (!), da minha África do contrabando de armas. Como rochas afastando-se do luar antes da tempestade. Como a chama do fogão possuindo a cafeteira líquida antes da ebulição. Como o fardo pesado, na formiga leve antes da fome dos Invernos da vida. Como o sol vigoroso brincando com as folhas das árvores antes de serem queimadas. Como o homem perseguido pelo sono das madrugadas caminhando antes do sol nascer. Como a encosta deixando rolar a pedra antes do solo plano. Como o barulho do cair da chuva no fritar das batatas, antes de serem tragadas.
Quando a guerra começou… começou há milénios. Começou com os homens e acabará com eles. Não é significativo pensar que as guerras acabarão, porque os homens ainda não acabaram. Mas é significativo pensar que o amor ainda acabará com as guerras.
Esqueci que sou africana que sou uma fulana, mendiga mundana. Salvei um branco da morte, estava pronto para lhe imolarem. Pus o meu corpo à sua frente, depois cantou-me uma canção de agradecimento, para me continuar a desprezar, a neocolonizar.
E muitos segredos se perderam
Na Ocidental civilização arderam
Voltei à escravidão, sem livros na mão
Vendem-se armas a prestações a qualquer estado falhado. O fornecimento do armamento garante o exercício do poder aos exércitos. Os fabricantes incentivam a violência para o fabrico de mais armas. É por isso que nas guerras modernas se aceitam prestações. As fábricas da morte são encorajadas para a redistribuição da riqueza petrolífera e diamantífera.
Há sempre alguém que diz: as armas são necessárias para o desenvolvimento do nosso país.
Gil Gonçalves
Imagem: BBC http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_pictures/7693828.stm
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