quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Os Banqueiros Pregadores da Nossa Fome (VI)


Os piratas da Somália em Luanda chamam-se, Millennium Bcp

Esse risco fez com que ontem tenha havido um número anormal de clientes a procurarem resgatar as suas poupanças junto do Banco de João Rendeiro, ( BPP) agravando ainda mais as suas dificuldades, numa altura em que as autoridades de supervisão continuam a trabalhar em contra-relógio para afinar todos os detalhes de um plano de salvação do banco.
In Diário Económico

Tres democracias continuam fundamentalistas: Branca, Negra e Petrolífera. E depois de tanto sofrimento nesta economia popular, ainda vou mais no inferno?!

O Petrofaminto morre lentamente; desesperançado aguarda que a fome cumpra o Juízo Final. Como o juízo da fome perde tempo, os governantes aproveitam para estudarem as ciências do mal. E os dias neles se prolongam cem vezes mais: o reino da maldade total finalmente edificou-se. Já não tememos nada. Até as suas sombras nos controlam. Tornaram-se grandes cientistas. As obras dos justos, como sempre, consideram-se ridículas.

As obras que eles não fazem dizem que são as boas obras. E inventaram uma boa e bela coisa: comer, beber e alegrarem-se. É essa a ocupação principal dos maldosos. Os outros que se lixem. Roubem como nós. Tentem vá!? … Nem sabem o que vos espera. Maldosos! Não descansam, não dormem por causa do dinheiro. Então vimos toda a obra deles, que não podemos alcançar. Só eles sabem tudo. Quando abrem a boca, o que já não suportamos, temos que fechar os ouvidos, porque as nossas cabeças estoiram. Porque são fulminantes os raios das suas palavras.

As mesmas coisas da fome só sucedem aos Petrofamintos. Sonhemos com aquilo que os políticos nos prometem.
O meu coração palpita porque não consegue entender: que as obras dos justos e dos sábios não estão nas mãos deles. Trocaram o amor pelas falências, a que poeticamente chamam insolvências, bancárias. Vê-se facilmente nas suas faces que toda a desgraça nos acontece. Ainda continuamos os mesmos sacrificados em nome da revolução marxista-leninista, em que depois disseram, que era apenas um passatempo. Este é o mal que ainda resiste. Quem não tiver leão caça com rato e os esfomeados caçam com as mãos. Porque os cazumbis precisam de morrer. E apenas lhes resta uma consolação: jamais serão recompensados. Que deambulem por aí sem memorial.
São muito barulhentos quando petrofamintam nos caixotes do lixo.

Perderam o amor, ganharam o ódio e a inveja. Já não há mais esquina que não lhes pertença. Nós que governamos sonhamos com o domínio do Universo. Vão pois, e imaginem que bebem e comem o pão que nunca terão. Mas quem se agrada das obras dos esfomeados? Nunca em tempo algum terão roupas ou vestidos. Pois se nem comida terão. Como amareis as vossas mulheres, todos os dias da vossa vida? Se ocupam todos os dias da vossa vida, a pensar no que hoje comerão? Tudo o que apanharem para comerem, façam-no com todas as vossas forças. Porque nas sepulturas para onde ides comereis as larvas dos vossos corpos.

A fome é mais útil aos outros do que àquele que a possui
Aqui, o tempo e a sorte não pertencem a todos. Os sábios não têm direito a pão. De repente ou não, o mau tempo sempre vos cai em cima. Em cima de nós nunca. As nossas redes malignas fizeram com que diminuísse o vosso peixe. Sábios aqui não têm valor. Só é sábio quem apresentar muito dinheiro. Nas províncias não há quase ninguém porque fogem para a capital. Houve um polícia que levou um tiro nas costas em defesa da Pátria. Há oito anos que está imobilizado. Ninguém se lembra, nem quer saber deste pobre homem. Aqui, por enquanto, a força vai valendo mais que a sabedoria.

Os sábios desprezam-se, não lhes é dado valor. As palavras dos tolos ouvem-se ruidosamente. Com tanto estrepitar as palavras dos sábios não se escutam. As armas de guerra valem mais do que qualquer sabedoria. E um só general atirador destrói os nossos bens.

Gil Gonçalves
Imagem: http://www.elmundo.es/albumes/2008/10/28/congo/index.html

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