sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Os Banqueiros Pregadores da Nossa Fome. (IV)


Uma das consequências da falta de liberdade é o subdesenvolvimento económico, científico, técnico e cultural.
Os países explorados tornaram-se economicamente débeis e em muitos casos, lançados numa situação caótica que os obriga a retomar ou a continuar a sua dependência dos outros países mais desenvolvidos.
Libertar é transformar pela violência uma ordem social estabelecida por minorias.
E por isso mesmo libertar uma sociedade, é fazer a revolução.
É preciso libertar o Homem não só do esclavagismo colonial, mas ainda de qualquer forma de dominação social no interior de cada país. Nenhuma classe deve poder explorar outra
Agostinho Neto. 20 De Janeiro de 1978. Discurso na Universidade de Ibadan, Nigéria

E só o nosso dinheiro se multiplica, quanto mais temos, mais comemos. Mas, o esfomeado dorme em qualquer lado e o rico desconsegue dormir, porque está sempre com medo de ser assaltado. E as riquezas que guardamos, e não as investimos… e ainda reclamamos por mais investimento estrangeiro. Quando apanharmos definitivamente o petróleo, nem os vossos ossos se aproveitarão.

O esfomeado sai nu do ventre da sua mãe, e assim continuará. Assim como veio, assim irá. O único proveito que teve na vida foi observar os seus ossos sem carne. Comeu a fome das trevas e padeceu muitas enfermidades. Morreu tuberculoso. Eis uma coisa bela que vimos: nós a comermos e a bebermos sem nos cansarmos todos os dias da nossa vida. Esta é a grande porção que nos resta. O petróleo e os diamantes deram-nos riqueza e fazenda e poder para deles comermos. A vós resta-vos a fome. Porque nunca se lembrarão dos dias da nossa vida.

Um bom rei que se preze abandona o povo à sua sorte.
Há um mal que temos visto e é frequente entre os escravocratas. Um rei desumano a quem o petróleo deu riquezas, e nada lhe falta. O petróleo não deixa mais ninguém daí comer. Gerará cem filhos e viverá muitos anos. E na sepultura para onde vai, acompanha-o o dinheiro para lhe ser útil na encomendação da sua alma. Mesmo nas trevas onde findará, ninguém jazerá em paz. Não verá mais o sol, mesmo assim nunca eternizaremos.

O esfomeado ficará ainda mais nu, não saberá como veio e como irá. As enfermidades desesperam como violentos terramotos. A tuberculose estabeleceu-se epidémica. Só haverá alimentação das trevas. Nem com a morte haverá paz. Uma coisa iguala os ricos e os que passam fome. No dia da morte o coração pára. Vão todos para o mesmo ossário.

Os que conseguem trabalho, alimentam as bocas dos ricos, e mesmo assim não nos contentamos. Porque, que mais tem o rico que o pobre? O rico tem o poder de espalhar a fome. O pobre tem o poder de se esfomear. Até os olhos do rico tem poder. Basta um olhar e tudo se transforma em petróleo. São sempre os mesmos nomeados, e com eles ninguém pode contender. Sendo certo que temos muitas coisas para aumentar a maldade. Isto é o que temos de melhor. Só nós sabemos o que nos delicia.

As vantagens do sofrimento da fome… uma paciência, sapiência eterna
Melhor é a fama do rico, do que o valor de qualquer pobre. Melhor é a morte do que o nascimento de um esfomeado. Entre a casa de um faminto e a casa do rico onde há luto, melhor é ir a esta, porque sempre se come alguma coisa. Melhor é a riqueza do que a pobreza, assim pensa o famélico.

Na casa do rico onde há luto, está lá o coração dos outros ricos. É melhor ouvir a repreensão do rico, porque disso depende o futuro do faminto. O riso do pobre é como o crepitar de espinhos debaixo de uma panela com água… se a conseguir. Melhor é o principio de uma riqueza sem fim, do que um coração com muitos princípios. Nunca deixem o vosso espírito irar-se na presença de um rico. É a coisa que mais detestam. O rico diz: estes dias são melhores que os passados. Isto revela muita sabedoria.

Qual herança!?. Não deixamos nada para ninguém. O rico adora a sombra do dinheiro. Nisto reside a sua sabedoria. Atentem para as nossas obras. Quem fará melhor que nós? No dia da nossa prosperidade tentem encostar-se. Quando celebramos os nossos aniversários não faltem, pode ser que sejam notados e quem sabe…

Gil Gonçalves
Imagem: http://africamonitor.info/
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