segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Na democracia incipiente até os cães são hipócritas


Esta civilização está muito desenvolvida, dizem. Mas não perdemos os hábitos da idade da pedra.
A religião e a ditadura são as algemas da mente.
Os ditadores não deixam os democratas descansar.
Gritos da morte na noite escura. Mais um esfomeado que disse adeus à ditadura.

Preciso de uma chave para abrir as sete chaves da fechadura desta ditadura.
Na democracia incipiente até os cães são hipócritas.
Nas sociedades modernas as prisões estão sempre com a lotação esgotada.
As esquinas da política enchem-se de aventureiros.
Vivemos sempre no receio, que a prisão da noite nos bata à porta.
Estamos sempre a reviver os momentos do Conde de Monte Cristo.
O melhor partido político é a fome, e esta é a melhor conselheira.
Os abutres estão no poder, mas o albatroz vigia-os.
As colunas militares avançam na madrugada. Vão enviar balas aos esfomeados.

A fome é proporcional aos discursos dos políticos.
Se mais petróleo houvera, lá chegara.
Sempre mais adiante há um fosso, mais um poço de petróleo.
Até o surdo ouve o murmurar das promessas de liberdade.
As estruturas do poder estão ferrugentas, cairão por falta de manutenção.
A maldade é a bíblia dos ditadores.
Para sentir o vento da liberdade basta uma janela aberta.
Somos como aves engaioladas na ditadura.

Até o surdo faminto consegue ouvir o barulho da fome.
Os incompetentes eternizam-se no poder, mas não são eternos.
As ondas do mar repousam na areia, os ditadores dormem nas areias movediças.

A noite termina, a manhã começa, o dia do poder não acaba.
A luz dos faróis cega-nos, roubaram as lâmpadas.
As contas bancárias secretas são para alguns. O banco dos esfomeados tem muitos depósitos a prazo.
Receio que me amarrem o pensamento.
Muitos generais pouca democracia.
As seitas religiosas dão-nos o alimento caído do céu, as grandes corporações tiram-nos o petróleo.
Camaradas! Do alto deste palácio milhões de esfomeados nos contemplam.
Ainda estou na prisão como o Conde de Monte Cristo mas, de lá sairei.
Gil Gonçalves

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