segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Seios


Porque os homens são tão aficionados por seios

Deixámos os malmequeres abandonados
Amados pela chuva do seu tempo
As cadeiras vazias relembravam
A chuva húmida do suor
Do nosso amor
Do nosso reino perdido

Chuva intensa que faz gente pensativa
E quatro cadeiras e uma mesa remolhadas
Sempre sitiadas pelos mistérios
Do templo vegetal

E os malmequeres reviveram
Na estação chuvosa
De tanto branqueamento
De dinheiro
E a folhagem agitava-se reverdecida
Fortalecida num império sem dólares

A chuva intensificou-se… terminou a limpeza
Da humana imundície

Os homens são tão aficionados por seios
Porque isolados numa forte tempestade
Sentem saudades, desejos de voltar
Sentir o aconchego, o quentinho amoroso
Leitoso, da vida, da beleza, do olhar
Acariciar, do sugar os mamilos
Dos seios sensuais, maternais
Eternamente

Gil Gonçalves

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