quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Negros, agora negreiros


A vida é um forte distúrbio anseio alcoólico
Foge toldada do suave e abrupto nevoeiro do palmar
Onde os álcoois perseguem a nossa existência
Os vapores são intensos, agradáveis intentos

Se conseguimos despertar, despeitados e frustrados abismamos
Na invasão do torpor, do clamor. Bebo, logo existo!
Da vitória universal: bêbados de todo o mundo, uni-vos!

A proa da neblina não se rompe, recomeçam as nuvens neuronais
Da existência, da angústia como veículos na cidade sem luz
Com apenas os seus faróis encandeados em movimento
Como jasmins amarelecidos tentando reencontrar a seiva perdida
da vida

Sombras escondidas, das noites perdidas
Não há dias, apenas monumentais estátuas estáticas sem alvorecer
Nos olhares vazios, inchados do silêncio perdido algures

Este é o mar, o nosso navegar dos petroleiros
descomandados, desnavegados.
Brancos substituídos
por meia dúzia de Negros negreiros

Gil Gonçalves

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