quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Nobreza Petrolífera


O novo comboio passará. Será mais rápido que o outro que existiu. Levantaram-se muros de protecção. Os moradores para circularem têm que saltá-los, os funerais também. Crianças sem instinto de conservação, aproveitam o anoitecer, cagam no cimo dos muros. Os moradores trepam e sentem as mãos desagradáveis. Ficou oásis para bandidos. Os seguranças recebem extras, facturam nas pessoas.

A História não é coisa parada, é movimentada. Novas descobertas surgem. O que hoje é uma descoberta revolucionária, no outro dia já não o é. Quem se perde não convence.

Família há treze dias a viver ao relento. A nobreza Petrolífera rouba terrenos para construir palacetes, palácios, com a abundância das receitas do petróleo. O que está na berra, na moda, são os condomínios. Abertos dentro, no ocultismo por fora.
Os primitivos tinham cavernas, os actuais desalojados nem isso têm. Os mirones acercam-se na praxe subjectiva. Interrogam-se que talvez seja um circo de cavalinhos debandado.
- A rua é a nova casa?
- Os nobres Petrolíferos partiram-nos as casas, roubaram-nos as terras, e sempre assim sucessivamente.
- Vão se queixar nos direitos humanos.
- Não dá mano, esses quando falam, os nobres Petrolíferos ameaçam-nos. E que me adiantaria isso? Risadas e papeladas não despachadas.
- É lepra da nobreza Petrolífera contagiante! Exilem-se!
- Sim… vamos para o Índico, a ver se algum mercador de escravos nos compra.
Gil Gonçalves

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