sábado, 16 de agosto de 2008

Os Lobos


É um jogo de faz-de-conta. Eu fiz avaliações de políticas deste tipo para numerosos países, a serviços das Nações Unidas, aprendi a separar as contas do faz-de-conta. Não faço a minha avaliação pelo volume de discursos parlamentares, e sim por conversas com o primeiro e segundo escalão técnico, que são os que dirigem os projetos, que carregam o piano, com pouco tempo para discursos. Tiram frequentemente leite de pedra, pois a máquina administrativa herdada não foi feita para ter agilidade na prestação de serviços, e sim para administrar privilégios. Raramente aparece na imprensa a avaliação concreta dos projetos e programas. As indignações parlamentares são muito mais coloridas, e fazer contas é mais complicado.
In Oposição a quê?
Ladislau Dowbor


Quando a fome aperta, os lobos descem da montanha. Os humanos dizem que são animais muito perigosos, que devem ser abatidos. Mobilizam-se esforços, as feras estão esfaimadas, defendem-se para sobreviver, os humanos também. Estes humanos destruíram o local onde os lobos viviam, e comiam. Que diferença há entre os lobos e os humanos? Só uma: os lobos viviam pacificamente antes de os humanos chegarem. Haverá fera mais perigosa que o ser humano? Não, não há!
Qual é a espécie que merece ser extinta? «Os bípedes!». Quais?
Aqueles que juram quando o anel lhes é colocado no dedo que:

E depois do casamento, das promessas de amor para toda a vida à sua amada, vão exercitar as suas armas nos pobres e indefesos animais para provar a sua virilidade. Para oferecerem os troféus de caça, da inglória infelicidade. Nesse dia pompas e arraiais são lançados. Mais um nobre cavaleiro foi edificado. Os Cavaleiros do Templo rejubilam. Mais uma estátua será erigida. O melhor, o que mais matou, o que mais fome e sofrimento provocou… recebe como prémio uma estátua. Durante mil anos, os seus seguidores proclamarão que ele inventou o amor. Sangue será derramado, mil vezes incontido.

Todos levantarão as suas espadas ao ar e perante juramento dirão: este veio dos céus, e para sempre será abençoado.
Gil Gonçalves

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