quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Arrancou ontem a 66.a Assembleia-Geral das Nações Unidas. Barack Obama endurece críticas a regimes ditatoriais



… mas foi suave quando teve que falar sobre conflito israelo-palestino e sobre as questões de direitos humanos na China
Nova Iorque (Canalmoz) - Arrancou ontem, quarta-feira, quando eram 9 horas em Nova Iorque, e 15 horas em Maputo, a 66ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas que este ano teve a particularidade de ser inaugurada por uma mulher, a presidente do Brasil, Dilma Roussef. Mas foi o discurso do presidente norte-americano, Barack Obama, que foi motivo de muita atenção e posterior debate, principalmente entre os jornalistas e os cidadãos nas ruas de Nova Iorque.
Barack Obama endureceu as habituais críticas que faz aos regimes ditatoriais que se espalham pelo mundo, particularmente na Ásia e África. Entretanto, o presidente norte-americano foi mais reservado quando chegou a vez de falar das questões consideradas polémicas no sistema internacional, como o caso do reconhecimento do Estado palestiniano – os EUA são grandes aliados do regime israelita – e das questão das liberdades na China. São estas as reservas que levantaram acesos debates na cabina de Imprensa entre os jornalistas, chegando mesmo a acusarem os Estados Unidos de dualidade de critérios no tratamento dos assuntos internacionais.

Questão palestiniana
O presidente dos Estados Unidos fez um apelo para que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) desista de pedir o reconhecimento de seu Estado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em discurso, Obama afirmou que “não há atalhos para a paz”, e que só se tornará realidade por meio de negociações.”A paz não pode ser alcançada por declarações e resoluções das Nações Unidas”, afirmou, em referência ao pedido palestino de adesão à ONU, que deve ser entregue formalmente na sexta-feira pelo presidente da Autoridade Nacional de Palestina, Mahmoud Abbas.
“Chegar até a paz é algo trabalhoso. Não há atalhos”, disse Obama na tentativa de dissuadir a ANP de seguir em frente com a campanha na ONU e encorajar novas negociações.
Ainda durante o decurso da Assembleia-Geral da ONU, Obama teve reuniões separadas com Abbas e com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ontem, quarta-feira.
Analistas independentes referem que Obama quer evitar que a questão chegue ao Conselho de Segurança – onde as adesões precisam de ser aprovadas. Embora os EUA possam recorrer a veto para chumbar o reconhecimento do Estado palestiniano, analistas entendem que não é do interesse dos EUA recorrer ao veto, uma vez que pode acarretar graves riscos políticos para os EUA num momento de turbulências políticas no mundo.

11 de Setembro e revoluções no mundo árabe
Em seu discurso, Obama afirmou que acontecimentos internacionais fizeram de 2011 um ano “notável”, citando, como exemplos, as revoluções democráticas na Tunísia, Egipto e Líbia, além da morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Aliás, Obama pronunciou uma outra frase que terá sido motivo de comentários, quando se referiu que os povos do mundo podem contar com os EUA para a defesa dos direitos humanos, liberdades de expressão e de informação e da democracia.
“A ideia de que a mudança só vem com violência morreu com Bin Laden”, disse. Depois Obama reiterou o apoio dos Estados Unidos e da comunidade internacional ao povo líbio durante a transição democrática. “Temos a responsabilidade de ajudar a Síria. É assim que a comunidade internacional deve agir: unida e em nome da paz e da segurança.”
Barack Obama fez críticas a outros governos autoritários, como Irão, Iémen e Bahrein, e subiu o tom especialmente em relação à Síria, pedindo que o Conselho de Segurança da ONU aprove um novo pacote de sanções contra o governo do presidente Bashar Al-Assad. “Temos de falar com uma só voz”, disse. (Matias Guente, enviado do Canal de Moçambique/Canalmoz a Nova Iorque)

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