segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Angola: Ativista Rafael Marques ouvido na PJ como testemunha em inquérito que envolve BES


Lisboa, Portugal 22/09/2011 18:22 (LUSA)
Temas: Crime, lei e justiça, Judiciário (sistema de justiça), Investigação, Inquérito, Economia, Negócios e Finanças, banca, Economia (geral), Negócios (geral)

Lisboa, 22 set (Lusa) – O ativista e jornalista angolano Rafael Marques foi hoje ouvido pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito de um inquérito que envolve um negócio do BES com uma empresa angolana, disse hoje à agência Lusa o seu advogado.
Duarte Teives adiantou que Rafael Marques foi ouvido durante cerca de duas horas nas instalações da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, em Lisboa, mas escusou-se a adiantar – tal como o seu constituinte - mais pormenores sobre o inquérito em causa, alegando que o caso "está em segredo de justiça".
No relatório "Presidência da República: O Epicentro da Corrupção em Angola", publicado em 2010 e disponível on-line na página da iniciativa anti-corrupção do jornalista "Maka Angola", o ativista Rafael Marques denuncia a existência de altos oficiais da Guarda Presidencial e da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos à frente de grandes negócios.
A partir da investigação, realizada ao longo de quatro anos, Marques dá o exemplo da criação da empresa Portmill, Investimentos e Telecomunicações, gerida por "oficiais da Guarda Presidencial e da Casa Militar do Presidente da República, ali colocados pelo general Hélder Vieira Dias Kopelipa", chefe da Casa Militar e ministro de Estado.
De acordo com o relatório de Marques, essa empresa angolana comprou "24 por cento das ações do Banco Espírito Santo Angola (BESA) por 375 milhões de dólares ao BES (Portugal)".
Esta venda consta, inclusivamente, de um comunicado que o Banco Espírito Santo (BES) enviou a 10 de dezembro de 2009 à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e, segundo o qual, o banco português mantinha a sua posição como acionista maioritário, com 51,94 por cento do capital social do BES Angola.
Este negócio, segundo escreve Rafael Marques no relatório, levanta duas questões: "primeiro sobre a origem dos fundos que os militares no ativo, como legítimos proprietários da empresa, desembolsaram para a realização do negócio" e segundo, "coloca o banco português, liderado por Ricardo Salgado, numa potencial situação de branqueamento de capitais adquiridos de forma ilícita, porventura pilhados ao Estado angolano".
"Onde é que estes oficiais encontraram tanto dinheiro para fazer um negócio desta natureza e como é que um banco com a reputação do Banco Espírito Santo aceita 375 milhões de dólares de oficiais da Presidência", questiona Rafael Marques.
Contactado pela Lusa, não foi possível obter qualquer reação do BES sobre a matéria. A Lusa também pediu esclarecimentos ao Ministério Público, mas até ao momento não foi possível obtê-los.
SK/CC/DN.
Lusa/Fim

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